MINERALOGIA

Autunite - Sr.ª da Assunção - Portugal 

Toda a matéria como a conhecemos é sintetizada e reciclada através das estrelas do nosso Universo. Tudo o que nos rodeia como os átomos do corpo humano, da árvore, do animal, do computador, da rocha, do mineral, etc., são todos filhos das estrelas. Afirmam os estudiosos que a palavra "Mineral" bem como as suas derivadas "Mina" e "Minério", teve origem nos povos Celtas, aos quais se deve a Metalurgia do Ferro. Antes de mais, uma breve referência ao significado das palavras "Mineral" e "Minério", já que são frequentemente vistas como sinónimos, o que não é verdade. "Mineral" é uma substância natural, inorgânica, com uma determinada arquitetura no arranjo dos seus constituintes (Elementos da Tabela Periódica de Mendeleiev), cuja composição química esteja definida entre certos limites. "Minério" é todo o mineral do qual possa ser extraído pelo menos uma substância com rendimento económico. A palavra "Minerais" apareceu escrita pela primeira vez em documentos um pouco antes do ano 1000 AC.

Tabela Periódica dos Elementos 

CLASSIFICAÇÃO

Na obra "De Mineralibus", escrita em meados do século XIII, o grande teólogo e naturalista Alberto Magno afirmava que os minerais eram "Pedras" de qualquer tipo mais as "Pedras de Metal", ou seja mais concretamente as de minério. Mas isto foi há pelo menos nove séculos; Hoje, as coisas são para nós cientificamente totalmente diferentes. A aparente simplicidade da atual classificação cristáloquímica dos minerais só foi possível depois de acumulada uma enorme soma de conhecimentos. Foram necessários cerca de três milénios para fazer evoluir as primeiras ideias exatas sobre a constituição da matéria. A descoberta do polimento através da fricção de um mineral contra outro mais duro, não só permitiu ao homem do Neolítico descobrir a arte da lapidação como proporcionou a descoberta do teste de dureza relativa entre minerais, que veio a ser utilizado pelos Gregos como um meio para identificação de algumas espécies. Nasceu assim o primeiro teste de Mineralogia Empírica. Seguiu-se a descoberta por Arquimedes, da determinação das densidades pelo método hidrostático.

Foi de autoria de um outro Grego, Teofrastes, a primeira obra escrita sobre minerais. Plínio o Velho, dedicou os dois últimos volumes de sua História Natural aos minerais. A evolução da Metalurgia, os progressos no tratamento dos minerais e a utilização de substâncias minerais na Medicina, lançaram as bases de uma "Ciência" empírica e especulativa, a Alquimia. Durante muitos séculos, pouco se avançou e neste período houve, por um lado, as observações dos Alquimistas, que acreditavam na transmutação dos metais, e as pesquisas mais práticas dos homens que trabalhavam os metais, ou seja os Metalurgistas. Só mais tarde, no período do Renascimento, surgiram os primeiros estudiosos da Mineralogia verdadeiramente científica. O Suíço, Paracelso (1493-1541) interessou-se pela Química e pelos Minerais, tendo em vista as suas aplicações na medicina. Georgius Agrícola (1494-1555), médico alemão lançou os fundamentos da arte da exploração Mineral e da Mineralogia empírica, baseada no estudo de algumas propriedades por ele utilizadas na descrição de minerais (brilho, cor, densidade, dureza, paladar, etc.). Foram considerados dois séculos para considerar esta obra ultrapassada. Durante o século das Luzes, e apesar da inquisição, o abade René Hauy, criador da Cristalografia matemática, elevou finalmente a Mineralogia à categoria de Ciência. O grande poeta alemão Goethe (1749-1832) foi um mineralogista ilustre. O mineral de ferro chamado Goethite é uma homenagem ao seu trabalho como Cientista. Entre nós, José Bonifácio de Andrade e Silva (1763-1838), ligado à política no período da independência do Brasil, foi igualmente um Mineralogista conhecido nos centros de Ciência da Europa do seu tempo. É em sua homenagem o nome do Nesossilicato, Andradite do grupo das Granadas.

De então para cá os critérios mais usados para a classificação de Minerais foram propostos pelos Norte-Americanos Dwight Dana e Edward Salisbury, que no século XIX escreveram um tratado célebre, no qual dividiram os Minerais em grupos segundo a sua composição química, dando especial atenção aos constituintes não metálicos. Desde então, com o advento de novas e cada vez mais sofisticadas possibilidades tecnológicas de análise, avançou-se muito no conhecimento científico dos minerais. A descoberta da difração de raios X por, William H. Bragg e seu filho William L. Bragg, desenvolveram os primeiros modelos de estruturas atómicas. Com a microscopia, novos estudos foram viabilizados, como a determinação das constantes óticas dos minerais. Hoje, com a ajuda de poderosos métodos analíticos como a análise de ativação de neutrões, a fluorescência dos raios X, a espectrometria, a análise térmica diferencial, entre outros, os especialistas em mineralogia buscam entender os mecanismos que levam à formação e processamento dos minerais.

Com esta base científica de apoio, as versões atuais para a classificação dos minerais,  seguem com algumas variantes, as linhas propostas pelo conhecido mineralogista alemão Hugo Strunz, autor das famosas "Mineralogische Tabellen", as quais consideram ulteriores subdivisões em cada um dos grupos segundo critérios cristaloquímicos, nomeadamente com base na estrutura e composição química dos Cristais.

Com este critério cristaloquímico os minerais dividem-se em nove grupos principais:

Martins da Pedra