Minas da Zona Ossa-Morena
(Artigo em construção)

Introdução
O presente trabalho centra-se nas mais significativas operações mineiras de metais básicos, realizadas no passado associadas à zona da Ossa-Morena em Portugal.
Geologia

A Zona Ossa-Morena é uma cintura geotectónica meridional derivada da formação Varisca Ibérica. No contacto com a Zona Centro Ibérica formou-se uma importante zona de cisalhamento que se estende desde a zona do Porto até Córdoba, em Espanha, a qual designou-se por Zona Ossa-Morena.

Geologicamente começa com formações metamórficas pré-Câmbricas, seguidas por formações Câmbricas e Silúricas, e termina com um período Devónico tardio. Este cinturão metamórfico é designado por Cinturão Blastomilonítico. A sul, a Zona Ossa-Morena contacta com a Zona Sul Portuguesa através das formações do Pulo do Lobo. Em relação ao magmatismo, o sector NE apresenta um predomínio de rochas graníticas. A sul, o carácter carbonatado básico das intrusões apresenta rochas como: Dioritos, Gabros, Serpentinitos, Anortositos, Pórfiros, etc. As ocorrências minerais mais importantes com metais básicos estão associadas às formações Câmbrico-Ordovícicas. Os metais preciosos estão relacionados com as formações pré-Câmbricas. No que diz respeito aos minerais não metálicos, esta faixa geotectónica é rica em rochas ornamentais, nomeadamente mármores do Anticlinal de Estremoz.

A Zona Ossa-Morena divide-se em duas cinturas principais e que subdividem-se cada uma delas em três faixas nas quais ao longo dos tempos se procurou recursos metálicos com algum destaque para a mineração do Cobre. :
A - Zona Norte do Alentejo.
A-a - Faixa de Arronches - Campo Maior.
A-b - Faixa de Alter do Chão - Elvas.
A-c - Faixa de Sousel - Barrancos.
B - Maciços de Évora - Beja.
B-a - Faixa de Arraiolos - St. Aleixo.
B-b - Faixa Zinco Magnetítica.
B-c - Faixa Porfírica.

A - Zona Norte do Alentejo
A-a - Faixa de Arronches - Campo Maior
Esta faixa é constituída principalmente por formações do Pré-Câmbrico superior e que estão inseridas na faixa Blastomilonítica entre Tomar e Badajoz. As mineralizações de cobre com alguma intervenção no passado estão representadas pelas minas de Tinoca e Azeiteiros. A mineralização de chumbo, mais escassa, está representada por algumas antigas concessões localizadas em Herdade do Balouco, Herdade dos Lobatos e Revelhos. As elevadas formações metamórficas relacionadas com importantes acidentes tectónicos que resultaram em atividade hidrotermal, contribuíram significativamente para uma concentração mineralizadora de pirite, calcopirite, pirrotite, magnetite e, mais raramente, galena com alguma prata. Esta faixa estende-se na província da Estremadura em Espanha com importantes mineralizações metálicas que foram intervencionadas no passado com antigas minas.

Mina da Tinoca
Nossa Senhora da Graça dos Degolados


Localização

A mina Tinoca localiza-se a 5Km da povoação Nossa Senhora da Graça dos Degolados e o acesso faz-se através da N371 entre Arronches e esta povoação no distrito de Portalegre.
Geologia

No monte da Tinoca a mineralização metálica (pirite e magnetite) está relacionada com rochas metavulcânicas, associadas a metaquartzitos e gnaisses de grão fino a médio. Nos micaxistos granatíferos há, também, pirite e magnetite. Em Azeiteiros o ambiente geológico é semelhante estando os minerais de cobre, também, associados a magnetite, em rochas lávicas metamorfizadas. Estas rochas pertencem ao Câmbrico ou ao Pré-Câmbrico, sistemas representados na zona migmatítica. A faixa mineralizada com morfologia estratiforme a lenticular tem a orientação N25º W e 80º E e com 1000 m de comprimento e cerca de 55 m de largura.
História
A zona abrangente pela povoação de Nossa Senhora da Graça dos Degolados é evidenciado pela passagem dos romanos, nos primórdios do século XII, onde deixaram vestígios da sua passagem (pontes, pavimentos em mosaico, forno em olaria, entre outros). A sua passagem por estas zonas devia-se ao facto da procura de minas de cobre e ferro, que segundo provas ainda hoje visíveis, mostra que a zona de Degolados é rica neste potencial, temos como referência as "Minas da Tinoca" e "Monte Alto". Degolados, já nesse tempo era ponto de referência para os romanos, que vindos de terras espanholas (Mérida), passavam por esta zona, utilizando uma via romana que ainda hoje é visível, que dá por seu nome a "Estrada do Alicerce".
A concessão mineira nº 178 "Herdade da Tinoca" para cobre foi registada em 18/03/1885, a qual teve uma importância económica fundamental para Degolados, não só em termos de vencimentos como também gerou a criação de empregos. Foi lugar de trabalho e residência e fonte de subsistência de centenas de trabalhadores durante várias décadas, (Wikipédia).
A mina de Azeiteiros situa-se sensivelmente a 1,5Km a N da povoação Nossa Senhora da Graça dos Degolados e foi registada em 23/10/1911 por Robert Barker Johnaton, contudo não teve a mesma projeção mineira da mina da Tinoca.
Mina da Tinoca - Agosto de 2008
A-b - Faixa de Alter do Chão - Elvas
Esta faixa está localizada em formações Câmbricas. Particularmente na zona de Alter do Chão ocorrem ocorrências de Cu, Pb, Zn e Ba e estão relacionadas com emissões de episódios vulcânicos nestas formações. Esta faixa não apresenta intervenções mineiras significativas.
A-c - Faixa de Sousel - Barrancos
Esta faixa corresponde basicamente a formações do Câmbrico, Ordovícico, Silúrico e Devónico. A mineralização metálica principal é de Cobre e apresenta-se essencialmente em estruturas de filões e também mineralizações estratiformes e disseminadas. As estruturas mineralizadas dos filões são subconcordantes ou completamente discordantes das formações em que estão inseridas. Os filões subconcordantes mais importantes objeto de intervenção no passado, são as minas de Miguel Vacas e Mociços, situadas na base do Silúrico e em Metavulcanitos básicos de formações do Câmbrico médio. Os filões discordantes mais importantes com intervenção no passado, são as minas de Minancos e Bugalho, em formações do Silúrico, e a mina de Zambujeira, em formações do Ordovícico. As minas de Mostardeira, Aparis e Botefa também se localizam em filões discordantes e estão situadas no flanco SW do sinclinal de Terena em formações devonianas.
No que diz respeito às estruturas mineralizadas estratiformes, estas estão relacionadas com uma discordância do Câmbrico-Ordovícico com mineralizações principais de pirite e mais raramente de calcopirite, esfalerite e galena. As mineralizações destes minerais ocorrem também em calcários dolomíticos de formações câmbricas. As mineralizações disseminadas formadas essencialmente por pirite e calcopirite estão associadas a estruturas subvulcânicas e constituem o cimento de brechas eruptivas em formações Silurianas.

Mina da Mostardeira
Glória, Estremoz


Localização

O acesso à Mina da Mostardeira faz-se no entroncamento da N4 com a R381 em Estremoz em direção à povoação da Glória. Mais ou menos a 5Km localiza-se do lado direito da estrada um pouco antes da barragem do Montinho.
Geologia

A mineralização do cobre na mina da Mostardeira está inclusa em veios de quartzo formados em falhas pós-tectónicas. Estes veios de quartzo mineralizados foram preenchidos devido a falhas e fraturas relacionadas com o vulcanismo do Silúrico inferior. Apresentam uma orientação médias ENE-WSW e NNW-SSE e estão entalados no limite entre xistos e rochas de xisto com quartzitos. O minério ocorre em veios de quartzo associados a carbonatos (siderite) e é composto por pirite, calcopirite, arsenopirite, cobre nativo, tenantite/tetraedrite. No topo da estrutura observam-se minerais secundários de cobre como malaquite, cuprite e calcantite acompanhados de hematite.