Minas da Zona Ossa-Morena
(Artigo em construção)
Introdução
A pesquisa e exploração mineira em Portugal incluindo na Zona Ossa-Morena, acelerou e teve o seu "Bum" entre 1868 e 1889 durante o governo de Fontes Pereira de Melo e que marcou a divisão do século XIX. O aumento de infraestruturas como os caminhos-de-ferro e diversas obras públicas, teve como resultado num aumento de empresas mineiras. Durante este período fontista as empresas mineiras foram incentivadas à exportação de minério pois a legislação em vigor e a conjetura internacional eram favoráveis a isso. O minério das minas Alentejanas era explorado mariotariamente por empresas estrangeiras e era exportado em bruto, pois em Portugal nesta altura ainda não existiam industrias metalúrgicas adequadas para o processamento de todo este minério. A pirite era o principal minério explorado, tendo por objetivo a produção de ácido sulfúrico para a indústria química. O cobre é um elemento que surge muitas vezes associado à pirite como mineral secundário e como tal também seria explorado nalguns casos particulares.
Geologia

A Zona Ossa-Morena é uma cintura geotectónica meridional derivada da formação Varisca Ibérica. No contacto com a Zona Centro Ibérica formou-se uma importante zona de cisalhamento que se estende desde a zona do Porto até Córdoba, em Espanha, a qual designou-se por Zona Ossa-Morena.

Geologicamente começa com formações metamórficas pré-Câmbricas, seguidas por formações Câmbricas e Silúricas, e termina com um período Devónico tardio. Este cinturão metamórfico é designado por Cinturão Blastomilonítico. A sul, a Zona Ossa-Morena contacta com a Zona Sul Portuguesa através das formações do Pulo do Lobo. Em relação ao magmatismo, o sector NE apresenta um predomínio de rochas graníticas. A sul, o carácter carbonatado básico das intrusões apresenta rochas como: Dioritos, Gabros, Serpentinitos, Anortositos, Pórfiros, etc. As ocorrências minerais mais importantes com metais básicos estão associadas às formações Câmbrico-Ordovícicas. Os metais preciosos estão relacionados com as formações pré-Câmbricas. No que diz respeito aos minerais não metálicos, esta faixa geotectónica é rica em rochas ornamentais, nomeadamente mármores do Anticlinal de Estremoz.

A Zona Ossa-Morena divide-se em duas cinturas principais e que subdividem-se cada uma delas em três faixas nas quais ao longo dos tempos se procurou recursos metálicos com algum destaque para a mineração do Cobre. :
A - Zona Norte do Alentejo.
A-a - Faixa de Arronches - Campo Maior.
A-b - Faixa de Alter do Chão - Elvas.
A-c - Faixa de Sousel - Barrancos.
B - Maciços de Évora - Beja.
B-a - Faixa de Arraiolos - St. Aleixo.
B-b - Faixa Zinco Magnetítica.
B-c - Faixa Porfírica.

A - Zona Norte do Alentejo
A-a - Faixa de Arronches - Campo Maior
Esta faixa é constituída principalmente por formações do Pré-Câmbrico superior e que estão inseridas na faixa Blastomilonítica entre Tomar e Badajoz. As mineralizações de cobre com alguma intervenção no passado estão representadas pelas minas de Tinoca e Azeiteiros. A mineralização de chumbo, mais escassa, está representada por algumas antigas concessões localizadas em Herdade do Balouco, Herdade dos Lobatos e Revelhos. As elevadas formações metamórficas relacionadas com importantes acidentes tectónicos que resultaram em atividade hidrotermal, contribuíram significativamente para uma concentração mineralizadora de pirite, calcopirite, pirrotite, magnetite e, mais raramente, galena com alguma prata. Esta faixa estende-se na província da Estremadura em Espanha com importantes mineralizações metálicas que foram intervencionadas no passado com antigas minas.

Mina da Tinoca
Nossa Senhora da Graça dos Degolados


Localização

A mina Tinoca localiza-se a 5Km da povoação Nossa Senhora da Graça dos Degolados e o acesso faz-se através da N371 entre Arronches e esta povoação no distrito de Portalegre.
Geologia

No monte da Tinoca a mineralização metálica (pirite e magnetite) está relacionada com rochas metavulcânicas, associadas a metaquartzitos e gnaisses de grão fino a médio. Nos micaxistos granatíferos há, também, pirite e magnetite. Em Azeiteiros o ambiente geológico é semelhante estando os minerais de cobre, também, associados a magnetite, em rochas lávicas metamorfizadas. Estas rochas pertencem ao Câmbrico ou ao Pré-Câmbrico, sistemas representados na zona migmatítica. A faixa mineralizada com morfologia estratiforme a lenticular tem a orientação N25º W e 80º E e com 1000 m de comprimento e cerca de 55 m de largura.
História
A zona abrangente pela povoação de Nossa Senhora da Graça dos Degolados é evidenciado pela passagem dos romanos, nos primórdios do século XII, onde deixaram vestígios da sua passagem (pontes, pavimentos em mosaico, forno em olaria, entre outros). A sua passagem por estas zonas devia-se ao facto da procura de minas de cobre e ferro, que segundo provas ainda hoje visíveis, mostra que a zona de Degolados é rica neste potencial, temos como referência as "Minas da Tinoca" e "Monte Alto". Degolados, já nesse tempo era ponto de referência para os romanos, que vindos de terras espanholas (Mérida), passavam por esta zona, utilizando uma via romana que ainda hoje é visível, que dá por seu nome a "Estrada do Alicerce".
A concessão mineira nº 178 "Herdade da Tinoca" para cobre foi registada em 18/03/1885, a qual teve uma importância económica fundamental para Degolados, não só em termos de vencimentos como também gerou a criação de empregos. Foi lugar de trabalho e residência e fonte de subsistência de centenas de trabalhadores durante várias décadas, (Wikipédia).
A mina de Azeiteiros situa-se sensivelmente a 1,5Km a N da povoação Nossa Senhora da Graça dos Degolados e foi registada em 23/10/1911 por Robert Barker Johnaton, contudo não teve a mesma projeção mineira da mina da Tinoca.
Mina da Tinoca - Agosto de 2008
Mineralogia
O resultado da visita a esta mina na recolha de amostras verificou-se sem interesse, pois nas escombreiras visíveis não encontrei alterações do "chapéu de ferro". O perímetro da mina estava a ser intervencionado na limpeza das escombreiras e segurança dos poços. Verifiquei que as linhas de água a céu aberto junto da mina estavam completamente contaminadas pelas escorrências das escombreiras da mina.
A-b - Faixa de Alter do Chão - Elvas
Esta faixa está localizada em formações Câmbricas. Particularmente na zona de Alter do Chão ocorrem ocorrências de Cu, Pb, Zn e Ba e estão relacionadas com emissões de episódios vulcânicos nestas formações. Esta faixa não apresenta intervenções mineiras significativas.
A-c - Faixa de Sousel - Barrancos
Esta faixa corresponde basicamente a formações do Câmbrico, Ordovícico, Silúrico e Devónico. A mineralização metálica principal é de Cobre e apresenta-se essencialmente em estruturas de filões e também mineralizações estratiformes e disseminadas. As estruturas mineralizadas dos filões são subconcordantes ou completamente discordantes das formações em que estão inseridas. Os filões subconcordantes mais importantes objeto de intervenção no passado, são as minas de Miguel Vacas e Mociços, situadas na base do Silúrico e em Metavulcanitos básicos de formações do Câmbrico médio. Os filões discordantes mais importantes com intervenção no passado, são as minas de Minancos e Bugalho, em formações do Silúrico, e a mina de Zambujeira, em formações do Ordovícico. As minas de Mostardeira, Aparis e Botefa também se localizam em filões discordantes e estão situadas no flanco SW do sinclinal de Terena em formações devonianas.
No que diz respeito às estruturas mineralizadas estratiformes, estas estão relacionadas com uma discordância do Câmbrico-Ordovícico com mineralizações principais de pirite e mais raramente de calcopirite, esfalerite e galena. As mineralizações destes minerais ocorrem também em calcários dolomíticos de formações câmbricas. As mineralizações disseminadas formadas essencialmente por pirite e calcopirite estão associadas a estruturas subvulcânicas e constituem o cimento de brechas eruptivas em formações Silurianas.

Mina da Mostardeira
Glória, Estremoz


Localização

O acesso à Mina da Mostardeira faz-se no entroncamento da N4 com a R381 em Estremoz em direção à povoação da Glória. Mais ou menos a 5Km, a mina localiza-se do lado direito da estrada um pouco antes da barragem do Montinho.
Geologia

A mineralização do cobre na mina da Mostardeira está inclusa em veios de quartzo formados em falhas pós-tectónicas. Estes veios de quartzo mineralizados foram preenchidos devido a falhas e fraturas relacionadas com o vulcanismo do Silúrico inferior. Apresentam uma orientação médias ENE-WSW e NNW-SSE e estão entalados no limite entre xistos e rochas de xisto com quartzitos. O minério ocorre em veios de quartzo associados a carbonatos (siderite) e é composto por pirite, calcopirite, arsenopirite, cobre nativo, tenantite/tetraedrite. No topo da estrutura observam-se minerais secundários de cobre como malaquite, cuprite e calcantite acompanhados de hematite.
História

A mina da Mostardeira foi provavelmente descoberta e explorada pelos Romanos e integra um grande número de pequenas minas de cobre associadas a estruturas de filões dispersas por todo o país, que tiveram o seu maior desenvolvimento na segunda metade do século XX. Os direitos de descoberta foram solicitados por José R. Torcha a 25 de Fevereiro de 1861, sendo que a concessão nº 19 "Herdade da Mostardeira" foi posteriormente registada em 07/08/1862. A mina já evidenciava trabalhos antigos segundo o relato do inspetor de minas João F. Braga em 1861. No inicio da laboração os elementos da avaliação económica da mina limitaram-se praticamente à prospeção e pesquisa realizada por José R. Tocha através de poços antigos de trabalhos anteriores. João F. Braga propôs o desmonte dos filões pelo sistema de etapas invertidas com posterior preenchimento dos vazios. Na área do poço da Glória o filão atingiu largura de 4,5m.
Só no plano mineiro apresentado em 1862 por B. Guerreiro, primeiro responsável pela mina, estava prevista a montagem de carris de ferro nas galerias transversais e na galeria que acompanhava o avanço do veio. Contudo o facto de R. Spengler ter relatado em 1876 que o minério dentro da mina era feito em carrinhos de mão, leva-nos a admitir que tal sistema nunca foi instalado. É também no relatório Spengler de 1872 que se refere que só em Setembro de 1871 é que o alçado da torre do poço Eugénia começou a funcionar com recurso a animais. Embora as obras não atingissem grandes profundidades, o esgoto era assegurado por uma galeria que descarregava a W da Mostardeira. As bombas de esgoto movidas a motor a vapor só começaram a funcionar no poço principal em 1870. No ano seguinte, quando o poço estava a 140 m de profundidade, as bombas falharam e a mina inundou. Esta inundação causou grandes danos devido aos escombros de poços e galerias. A produção nunca atingiu valores muito elevados. Os valores de 1871, quando a mina estava totalmente laborada, referem-se a 330 toneladas de minério bruto com 2,2% Cu. Antes dos testes de branqueamento e instalação do forno de torrefação o minério extraído era esmagado pelos homens com marretas e escolhido pelas mãos das mulheres para posterior exportação. A descoberta de cobre nativo no poço Glória levou a propor a instalação de tanques de cimentação, mas não há indicação segura de que este método tenha sido alguma vez aplicado. Dos relatórios existentes pode-se concluir que a mina empregava anualmente entre 30 e 80 trabalhadores, número que variava com as oscilações da exploração. Enquanto apenas os homens trabalhavam nas profundezas, a escolha do minério também ocupou mulheres e meninos que recebiam salários mais baixos. A mina laborou durante vinte anos até 1894 tendo extraído e exportado mais de 20.000 toneladas de minério. O baixo interesse económico da jazida que teve de competir com outras mais produtivas e as dificuldades na remoção da rocha bastante resistente, levou que a mesma fosse desativada e abandonada não tendo tido quaisquer trabalhos de recuperação e requalificação ambiental ao longo de todo o Século XX. Um inventário feito em 1920 para efeitos de partilha entre os herdeiros de João de Matos inclui: uma mina em ruínas, oito poços de água, um forno de pão, uma habitação para o engenheiro, dezassete casas de mineiros, uma casa para experiências com minério e terreno anexo com oliveiras. Quase todos ainda existem, exceto as máquinas e os equipamentos. Os locais que mais se destacam em todo o pequeno bairro mineiro construído na colina de Mostardeira em 1863, são as ruínas da casa onde funcionava a máquina a vapor e as impressionantes ruínas das estações de tratamento. Este património constitui um conjunto de grande interesse arquitetónico, histórico e paisagístico sem equivalente em toda a Zona de Ossa-Morena.
(*) Brandão, José Manuel; Matos, João Xavier - Memórias do cobre: nota sobre a criação de um parque arqueo-industrial na Mina da Herdade da Mostardeira (Estremoz, Portugal). In: Livro de Actas del Primer Simposio sobre la Minería y la Metalurgia Antigua en el Sudoeste Europeo, Centro d'Arqueología d'Avinganya, Serós, Segrià, Catalunya, España, de 5 a 7 de maio de 2000. Segrià: SEDPGYM, 2002 , vol. 2, pág. 483-493.
Mina da Mostardeira - Fevereiro de 2005
Mineralogia
A página do Mindat para esta mina indica 26 minerais, dos quais mariotariamente são ocorrências de alteração só visíveis ao microscópio. A visita de estudo a esta mina em Agosto de 1999, destaco a Siderite em massas espáticas alteradas de cor castanho escuro espalhadas pelo recinto da mina e que entretanto foram retiradas no programa de requalificação ambiental. Destaco no veio de quartzo a cristalização da Escorodite com cristais até aos 3mm como produto de alteração da Arsenopirite.

Mina Miguel Vacas
Pardais, Vila Viçosa

A descrição está no link da Mina de Miguel Vacas, contudo aqui nesta página em relação a esta mina só apresento uma galeria de varias imagens que considero de algum destaque e que foram recolhidas ao longo dos anos.
Foto Galeria

Mina do Bugalho
S. Brás dos Matos, Alandroal


Localização

O acesso à Mina do Bugalho faz-se através da ER373 -Alandroal, Juromenha. Corta-se no entroncamento à direita com a indicação Mina do Bugalho. Do Alandroal à mina dista 9,5Km. A mina situa-se a 300m a norte da povoação com o mesmo nome.
Geologia

A jazida da Mina do Bugalho laborou em Filão/falha de quartzo com carbonatos que está encaixado entre liditos e xistos do Silúrico, perto da grande falha da Messejana. Este filão está discordante em relação à estrutura regional, com direção NE-SW e possança de 1,2 a 1,3 m com 1 Km de extensão. O minério extraído basicamente era Cobre, Pirite, Enxofre e alguma Prata / Ouro. Conforme mapa geológico o filão foi intervencionado em vários locais com destaque para a mineração mais rica perto da falha da Messejana e junto da aldeia da Mina do Bugalho.
Nota: Os símbolos de mineração de Fe estão errados e simbolizam para todos os efeitos a mineração de Cu.
História

A aldeia Mina do Bugalho pertenceu até 1836 ao extinto concelho de Juromenha e foi formada por causa das antigas minas que lhe deram o nome. A concessão nº 30 "Herdade do Bugalho" foi registada para a exploração de cobre em 23/08/1866, e fechou por volta de 1900. Os antigos mineiros fixaram-se na Herdade do Bugalho onde construíram as primeiras casas divididas pela rua dos Quartéis com que formaram o inicio da aldeia. O minério era explorado através de vários poços de mina, o qual e de acordo com a politica económica da altura era em conjunto com outras minas mariotariamente exportado, ficando algum para assegurar as necessidades do país.
A parte antiga da aldeia situa-se num vale, donde se pode ver um imponente palacete onde viviam os donos e engenheiros das minas. Esta parte antiga é formado por diversas ruas e largos. O largo principal no centro da aldeia localiza-se o arco de S. Brás onde se pesava o minério. No largo encontra-se também o antigo armazém do minério. No mesmo local está o monumento a São Brás, padroeiro da população.
Mina do Bugalho - Foto Galeria
Mineralogia
A página do Mindat para esta mina indica 32 minerais, dos quais mariotariamente são ocorrências de alteração só visíveis ao microscópio. As duas visitas que fiz a esta mina, verifiquei que as escombreiras são estéreis em amostras colecionáveis e mesmo a recolha de micromounts só é possível com algum trabalho e persistência.

Mina de Mociços
Nossa Srª. da Conceição, Alandroal


Localização

O acesso à Mina de Mociços faz-se a partir da Mina do Bugalho em direção à Herdade de Fonte Nova, passando esta e mais à frente passa-se o entroncamento à esquerda que vai para o Monte do Casco, seguindo em frente em direção ao rio Guadiana e em terra batida, a mina de Mociços situa-se à esquerda junto ao rio e dista 11Km da Mina do Bugalho.
Geologia

A estrutura filoniana de quartzo mineralizado com cobre da Mina de Mociços ou também designado por filão da Granja está inserido numa estrutura em sinclinal que está encaixada na formação de Xistos com Nódulos do Silúrico e com a formação de Colorada do topo do Ordovícico. Apresenta uma possança máxima de 5 m e uma extensão de 1 km e com a direção aproximada de N15ºW, 80E. O filão é constituído por diferentes gerações de quartzo leitoso com calcite, ankerite e siderite. A mineralização é constituída basicamente por pirite e calcopirite, em agregados grosseiros distribuídos aleatoriamente em veios no filão. Verifica-se também mineralizações de malaquite e cuprite.
Nota: Os símbolos de mineração de Fe estão errados e simbolizam para todos os efeitos a mineração de Cu.
História

A mina de Mociços foi estudada e reconhecida posteriormente através de um relatório elaborado pelo Eng. José Augusto C. das Neves Cabral, a 7 de Fevereiro de 1868. Neste primeiro reconhecimento a mina de Mociços designava-se tanto por "Mina de Cobre da Cova do Monge" como por "Mina da Granja". As diferentes designações resultam da toponímia local da área envolvente à estrutura mineralizada. No seu estudo de campo verificou vestígios de trabalhos anteriores no sítio da Cova do Monge, onde observou marcas da aplicação de explosivos e, na descida para norte, uma galeria de esgoto completamente arruinada. Segundo a sua interpretação, estes trabalhos teriam resultado da exploração de ferro e não de cobre, uma vez que, a 1600 m na direção W, existia um jazigo de ferro carbonatado, manganesífero, designado por "Veio do Vento". Esta estrutura filoniana apresentava 2000 m de extensão e uma orientação paralela ao filão de Mociços. Trabalhos realizados posteriormente por Spengler em 1873, definiram a ganga da mina da Granja como constituída por quartzo e carbonatos de ferro. Refere que o quartzo contém à superfície uma coloração verde proveniente de carbonatos de cobre e que, nos carbonatos de ferro, ocorrem "grãos e pequenos veios de pirite cuprífera". Em 1907 a área da mina é registada por Jacinto Fernandes Palma e após várias transferências parciais, em 1908 é transferido a totalidade dos direitos para a Empresa Mineira do Rosário, Lda. Após o reconhecimento da mina por Vilaça em 1912, este apresentou um relatório onde descreve que dos trabalhos de pesquisa na mina, resultou uma galeria de nível a cortar o filão e que no ponto de intersecção, abriram-se duas galerias de direção para reconhecimento do jazigo, uma para norte e outra para sul. Fora da área reservada, e a norte da concessão, existia um poço de pesquisa para o qual se dirigia uma galeria de reconhecimento, com origem na margem direita do rio Guadiana. Em 1915 é conferido o diploma de descoberta à Empresa Mineira do Rosário, Lda. Esta empresa laborou em pleno a mina com o decorrer da 1º Guerra Mundial (1914-1918) o que permitiu um bom escoamento do minério. Em 1919 esta empresa através do seu diretor técnico Júlio António V. da Silva Pinto, requereu e posteriormente foi concedido a ampliação da concessão, designadamente da mina da Granja, em 18 hectares para norte e 28 hectares para sul. O minério produzido na altura era transportado do local da mina para a estação de caminho de ferro de Vila Viçosa, a 24 km de distância, com um preço de 2$00 por tonelada e os salários rondavam os 60 centavos. No início da década de 1930, aquando da instauração do Estado Novo a indústria mineira apresentava problemas originados por diversos fatores entre os quais a cotação baixa do cobre e por conseguinte a dificuldade de mercado e com isso a falta de capitalização o que originou que em 1934 a Empresa Mineira do Rosário tenha perdido a concessão por falta de pagamento do imposto mineiro e declarado o abandono da concessão no ano seguinte. O encerramento da mina da Granja segue-se ao encerramento em 1932 da mina de cobre de Aparis (Brandão & Lopes, 2006), o que retrata as dificuldades generalizadas da indústria mineira nacional durante a terceira década do século passado. Em Julho de 1982 o Serviço de Fomento Mineiro (SFM), hoje LNEG, procedeu a prospeção mecânica através de três sondagens na antiga mina de Mociços com o objetivo de verificar os recursos minerais do país.
Referencia:
Caracterização Geoquímica, Mineralógica e Petrográfica da Mina de Mociços - Sandro do Rosário Pita Vicente.
Mina de Mociços - Junho de 2020
Mineralogia
A página do Mindat para esta mina indica por enquanto 8 minerais válidos. Destaco principalmente a Malaquite que se confunde à primeira vista com a Pseudomalaquite que está associada. A cristalização da Malaquite é euédrica com cristais até 3mm e está mais bem definida em relação com a congénere de Miguel Vacas que se apresenta em massas terrosas ou crostas.



Mina de Aparis
Barrancos


Localização

O acesso à Mina de Aparis faz-se através da N386 entre a Amareleja e Barrancos. Saindo da Amareleja e a 16,5km encontra-se um entroncamento à direita com estrada de terra batida. Seguindo a estrada de terra batida e a 2Km encontra-se as instalações da mina.
Geologia

O jazigo da mina de Aparis geologicamente situa-se na formação de Terena do sector de Barrancos do Devónico inferior. É caracterizado por dois sistemas filonianos siliciosos instalados em falhas de cisalhamento e encaixados em xistos e grauvaques. Os filões destes dois sistemas apresentam-se sub-verticais e grosseiramente perpendiculares. O sistema principal está orientado NNE e 55º a 75º W e é constituído por sete filões principais com destaque para o filão Saramago com mais de 5Km em extensão. O outro sistema é constituído por um conjunto de filões erradamente designados de "cruzadores", sendo o mais importante, o filão Conceição com a possança em mais de três metros nalguns locais. Estes filões são discordantes da estrutura geológica regional e são constituídos por quartzo e carbonatos com calcopirite e alguma pirite a que se associam na zona de oxidação e cementação a minerais supergênicos de cobre. A mineralização cuprífera de natureza hipotermal deste jazigo teve origem com a fase Hercínica de maior amplitude com a qual se relacionam as diábases (Gaspar – 1967).
História

O cobre já seria explorado na zona de Barrancos pelo menos desde a idade do bronze como atestam vários testemunhos de achados arqueológicos pré e proto-históricos relacionados com as inúmeras ocorrências cupríferas desta região. Foi o Eng. Neves Cabral que deu a conhecer estas ocorrências através de registos de 1882. A primeira concessão desta zona mineira foi requerida em 1877 para a mina de Minancos a qual apresentava uma boa mineralização e que deu origem a vários estudos e pesquisas mineiras ao longo de toda esta região e que levou ao registo de inúmeras concessões. Muitas destas concessões foram abandonadas por apresentarem fraca mineralização, restando as concessões com os melhores depósitos cupríferos como o de Minancos, Aparis, Serra da Botefa, Defesa das Mercês e Vale de Marcos, das quais só algumas foram objecto de exploração subterrânea com destaque para a mina de Aparis como sendo a mais importante exploração mineira barranquenha com atividade relevante entre 1889-1932 e princípio da década de 70 do século passado. A localização de todas estas minas pode-se observar no mapa acima indicado, com destaque para as concessões da mina de Aparis dentro do circulo assinalado.
1- Ferrigial do Barbeiro, 2- Pedra do Galo, 3- Barrocal, 4- Malhada das Vacas, 5- Serra de Minancos, 6- Serra Colorada, 7- Volta de Ferreira, 8- Sitio da Vinha, 9- Charco Frio, 10- Gamito, 11- Vale de Noudar, 12- Ordem, Lírios, 13- Segunda Mercês, 14- Sitio do Palácio, 15- Defesa das Mercês, 16- Capelães, 17- Aparis, 18- Conceição, 19- Touril, 20- Malhada dos Caeiros, 21- Vale de Marcos, 22- Malhada dos Barrinhos, 23- Cerro da Eira, 24- Veiga da Vinha, 25- Baldio de Noudar, 26- Voltas Juntas (Noudar), 27- Piorneiros, 28- Barrancais, 29- Pirâmide Geodésica da Botefa, 30- Umbria das Ferrarias, 31- Serra da Botefa, 32- Umbria das Ferrarias (C.L.), 33- Forninhos


A mina de Aparis começou com relatórios da época que denunciavam vestígios de trabalhos antigos localizados em propriedades de António Saramago e que levaram a que Francisco A. Pulido através da "Sociedade das Minas Pulido" viesse a requerer em 1883 os direitos de descoberta da concessão de Aparis, assim como de algumas concessões localizadas em terrenos contíguos, das quais as mais importantes seriam a Malhada dos Caeiros e Vale de Marcos. Esta empresa na altura já era concessionária de várias minas na zona barranquenha, entre as quais a da Botefa e de Minancos. Em 1884 o diretor técnico de minas Manuel Villary Lavin esboça e assina um plano de exploração para a mina de Aparis que consistia na abertura de poços verticais ao lado dos trabalhos antigos e a partir destes, travessas de nível para cortar os filões, seguindo-se várias galerias por vários pisos. Estes trabalhos subterrâneos chegaram aos 70m de profundidade em que a extração do minério e a escoação das águas da mina fazia-se através de cinco malacates movidos a vapor. É deste tempo também a construção de todo o apoio da infraestrutura logística à mina, designadamente a construção de alojamentos para os trabalhadores, oficinas, armazéns, etc. e cujas ruínas mais tarde foram aproveitadas na reabertura da mina nos anos 50 do século passado. Em 1895 Francisco A. Pulido cria a "The Pulido Mining Company Limited" com escritório em Londres onde passa a gerir o negócio da exploração do cobre e onde entrega a direção técnica das minas a William Robert Thomas. Em 1913-14 as minas foram vendidas a John Whittaker, um fabricante de algodões de Manchester e por morte deste em 1920, os herdeiros assumiram as propriedades das minas de Aparis, Minancos, Botefa, Piorneiros, Volta das Juntas, Umbria das Ferrarias e Barrancais. No final dos anos 20 do século passado a conjetura económica não era favorável para o mercado do cobre em baixa cotação o que levou gradualmente ao declínio da produção e ao encerramento definitivo em Agosto de 1932 da mina de Aparis e Malhada dos Caeiros. Das 33 minas barranquenhas, só umas cinco ou seis minas forneceram a quase totalidade dos minérios de cobre com a produção de 10.930 toneladas extraídas entre 1885 e 1932. A mina de Aparis para o período de 1889-1932 forneceu quase metade desta produção como se observa em baixo na tabela de produção.

No inicio da década de 50 com a expansão da rede elétrica nacional, o cobre voltou a ter uma crescente procura e com isso houve a necessidade de efetuar um estudo mais profundo das áreas já conhecidas com ocorrências de minérios de cobre. Em 1953 através do S.F.M. a mina de Aparis foi reativada após um levantamento litológico sistemático. Os teores de cobre analisados nas escombreiras com calcopirite eram simpáticos e com a prospeção geofísica verificou-se que para além dos 70m de profundidade a mina ainda tinha muito para dar. Começou por se avaliar os trabalhos antigos deixados em 1932, designadamente as entulheiras e os poços Aurora, S. Francisco, Stº. António, S. Manuel e S. Marcos. Procedeu-se à limpeza e desobstrução dos trabalhos antigos através do poço Aurora e para extração do minério utilizou-se o poço S. Francisco que foi equipado com um cavalete metálico de 8m, onde funcionava uma jaula de transporte de pessoal e para as caixas das berlines. Entre 1956 e 1958 foi reforçado o aspeto técnico de exploração com trabalhos a atingirem os 90m de profundidade. Em finais de 1958 os trabalhos chegaram aos 120m, sendo o piso principal o dos 90m, o qual se desenvolveu em toda a extensão da mina de Aparis com galeria de ligação à mina Malhada dos Caeiros. Nesta altura a mina tinha 8 pisos e 7 entrepisos.
Entre 1959 e 1964 foi o melhor período de reconhecimento sobre os trabalhos na mina com reservas estimadas em 175.000 toneladas de minério com um teor de 2,96% de Cu. Durante este período foi ampliada e modernizada as instalações do pessoal, criada uma zona social e feita ligação à rede elétrica nacional assim como a implementação de pequenas hortas na periferia da mina. Em 1960 os trabalhos em profundidade no poço S. Francisco chegaram aos 150m, cujo piso mais tarde em 1964 foi inundado por se prever não mais ser utilizado. Data também deste período e mais concretamente em 1959-61 a construção e posterior laboração da unidade de concentrados de Cu com a capacidade de processamento de 2,5t/hora. Em 1968 a concessão de Aparis e Malhada dos Caeiros foi atribuída através de concurso público à empresa "Minerália", Sociedade de empreendimentos mineiros, Lda. com o diretor técnico, Professor Alberto Cerveira que implementou várias melhorias, nomeadamente a instalação de um novo cavalete e guincho no poço S. Francisco e o desenvolvimento da rede de transportes da superfície da mina. Em 1974, A. Cerveira informa através de relatório a baixa cotação do Cobre e a relação das reservas estarem limitadas com o seu esgotamento a curto prazo, motivos pelos quais a mina veio a encerrar definitivamente em 1975. Atualmente nas suas instalações estão arquivadas cerca de 300 km de testemunhos de sondagens que são utilizadas como caroteca do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG).
Referencias :
As formações cupríferas da região de Barrancos - João Martins da Silva.
A Mina de Aparis - José M. Brandão & C. S. Lopes.
Mina de Aparis - Junho de 2006
Mineralogia
A página do Mindat para esta mina indica 32 minerais validos. Na minha visita destaco as drusas de Dolomite com cristais de Pirite e alguns minerais supergênicos entre os quais Cuprite, Malaquite e Cobre Nativo.



Mina da Botefa
Barrancos


Localização

O acesso à mina da Botefa faz-se através da N386 entre a Amareleja e Barrancos. Após o rio Ardila e a 1km encontra-se do lado direito o acesso em caminho particular da Herdade da Botefa. Da N386 à mina dista 1,5Km e requer autorização de entrada na propriedade.
Geologia

Os depósitos minerais da zona de Barrancos agrupam-se em duas faixas; uma entre Barrancos e Noudar com as minas de Minancos e Defesa das Mercês e a outra faixa mais a ocidente desde a Serra da Gata e para além da Serra da Botefa com as minas da Botefa, Umbria das Ferrarias, Aparis e Vale de Marcos. Ambas as faixas estão direcionadas para N,W. O jazigo da mina da Botefa e da Umbria das Ferrarias está em acordo com a descrição geológica da mina de Aparis. Os filões são siliciosos por vezes argilosos e encaixados em xistos com mineralizações de calcopirite, bornite, malaquite e azurite. A estrutura do jazigo é em rosário com bolsadas ricas em calcopirite.
História

O local dos Jazigos cupríferos na Serra da Botefa antes de serem reclamados já apresentavam vestígios de trabalhos antigos e foi provavelmente através da "Sociedade das Minas Pulido" que a concessão Nº. 195 Serra da Botefa foi registada em 18/10/1886. Em 09/04/1908 a Botefa tinha alvará de concessão da empresa "Nadar Copper Mines, Limited", a qual vendeu mais tarde esta concessão e a da Umbria das Ferrarias em 12/08/1911 a John Whittaker. A concessão contígua Nº. 320 Umbria das Ferrarias foi registada em 12/05/1900. Ambas as concessões apresentavam à altura do artigo de João M. da Silva inúmeros trabalhos subterrâneos entretanto inundados e extensas escombreiras. Conforme tabela de produção da mina da Botefa, a mesma começou a produzir em 1898 ou seja 12 anos mais tarde da data do registo o que indicia durante este tempo todo um trabalho em profundidade com vários pisos e galerias. Esta mina laborou mais ou menos três décadas e encerrou em 1927 ? com uma produção total de 248,500t de minério.


A mina Umbria das Ferrarias de acordo com a tabela de produção começou a produzir em 1912 com um trabalho desenvolvido em profundidade desde a data do registo. Conforme corte longitudinal desta mina os trabalhos em profundidade apresentam dois poços de exploração. O poço nº1 atingiu os 117m com 7 pisos e varias galerias.

O poço nº 2, provavelmente era o poço mestre, atingiu a profundidade de 180m com 9 pisos com varias galerias, entre as quais com ligações ao poço Nº 1 nos pisos 3 e 4. Esta mina conforme tabela de produção produziu até 1919 um total de 3.599,366t de minério e deve ter encerrado na mesma altura que a mina da Botefa.
Mina da Botefa - Março de 2007
Mineralogia
A página do Mindat para esta mina indica 7 minerais validos. Na altura da minha visita recolhi algumas amostras de minério (Calcopirite, Bornite, Quartzo) em escombreira e alguma Dolomite já alterada devido às intempéries.



Mina de Minancos
Barrancos


Localização

O acesso à mina de Minancos faz-se através da N258 e pouco antes de chegar à povoação de Barrancos, corta-se à esquerda no segundo entroncamento com a indicação de Parque Empresarial. Passando o Parque a mina fica a 250m. O acesso para a Herdade das Mercês (Mina das Mercês), faz-se no primeiro entroncamento à esquerda e dista até à mina 4Km.
Geologia

Na carta geológica acima representada está assinalado: 1- Mina de Minancos; 2- Mina Defesa das Mercês.
1- A mina de Minancos está instalada num filão em liditos e xistos grafitosos da base do Silúrico em que provavelmente, as mineralizações foram remobilizadas a partir deste horizonte estratigráfico (ambiente redutor) cujo «hack-ground» é geralmente elevado em Cu. Este filão tem uma possança média de 60cm com a orientação aproximada, N. 75º E. e é constituído por quartzo, calcopirite, óxidos de ferro, malaquite, azurite e cobre nativo.
2- A Mina Defesa das Mercês corresponde a uma zona bastante fraturada instalada em rochas subvulcânicas ácidas associadas a calcários metamorfizados e brechas eruptivas. A mineralização é constituída essencialmente por pirite, calcopirite e alguma malaquite. A mineralização encontra-se disseminada nos calcários e nas rochas subvulcânicas. A zona de exploração mais rica em cobre parece corresponder a uma mineralização remobilizada a partir do complexo eruptivo e dos calcários que estão associados.
História

A mina de Minancos já seria trabalhada pelos romanos como o provam os escoriais de fundição encontrados no local. É de 1877 a requisição concessionária desta mina a qual à data de 20/07/1881 tinha alvará concedido provavelmente à empresa "Sociedade das Minas Pulido". Mais tarde a concessão foi vendida e foi concedido alvará em 04/02/1904 para exploração da mina ao britânico Edward Clement Wallace que em 28/01/1913 por sua vez a vendeu a John Whittaker. Por morte deste em 1920 a concessão passou para as mãos dos herdeiros. Mais tarde a mina encerrou ou foi abandonada no princípio da década de 30 do século passado de acordo com a conjetura económica da altura relacionada com a cotação do Cobre.

João M. da Silva no seu artigo reporta segundo informação do Eng.º Barreiro Portas que a mina de Minancos depois de encerrada ainda existia no seu exterior 900t de escombros com 4% de Cu e 1800t provenientes de antigas explorações com 2% de Cu. De acordo com a tabela de produção exposta, a mina produziu 1.186,960t de minério entre 1885 e 1918. Durante o tempo de exploração desenvolveu trabalhos em profundidade com poços e galerias e de acordo com o corte longitudinal do poço nº 2 (talvez o poço mestre) atingiu no mínimo os 140m de profundidade com 4 pisos.


A concessão nº 173 Defesa das Mercês foi registada em 25/11/1884, muito provavelmente pela mesma empresa de Francisco A. Pulido. Pouco se sabe sobre esta mina conforme relata João M. da Silva no seu artigo em que reporta que os trabalhos antigos estavam entulhados ou inundados e com escombros análogos ao da mina de Aparis. Um relatório da secção de Moura do S.F.M. menciona aqui mineralizações de Calcopirite, Pirite, Malaquite e uma referência ao aparecimento de Ouro e Prata. Esta concessão foi trabalhada pelo Eng.º Roldan y Pego o qual num relatório informa que o teor de ouro no minério variava entre 93g e 4,6g por tonelada, desconhecendo qual o filão mais rico ou qual o estéril. Conforme tabela de Produção, esta mina produziu quase 480t de minério entre 1896 e 1898.
Mina de Minancos - Junho de 2006
Mineralogia
A página do Mindat para esta mina indica 23 minerais validos, muitos dos quais são alterações e cujas cristalizações só são visíveis ao microscópio. Da minha visita com recolha destaco a Crisocola e a Cyanotrichite.


B - Maciços de Évora - Beja
B-a - Faixa de Arraiolos - St. Aleixo
Esta faixa apresenta diversas ocorrências de cobre em estruturas de filões com antigas explorações mineiras, hoje desaparecidas ou abandonadas como Azaruja, Monte do Trigo, Reguengos e S. Aleixo. Estas mineralizações estão relacionadas com intrusões de granodioritos e vulcanismos básicos.
B-b - Faixa Zinco Magnetítica
Esta faixa corresponde basicamente a formações do Câmbrico, Ordoviciano e Silúrico. Inicia em Montemor-o-Novo com mineralizações de cobre que foram intervencionadas por antigas explorações mineiras, hoje desaparecidas ou abandonadas como a Safira, Gouveia, Caeira, Corte Pereiro, Sobral, etc. As mineralizações de Fe têm sido exploradas por algumas minas (hoje fechadas) como as minas de ferro do Escoural, Alvito e Orada.
Os depósitos economicamente mais importantes desta faixa são o de Algares (Cu, Pb, Zn) e Balsa (Pb, Zn) na região de Portel. Na região de Moura com Enfermarias (Zn, Cu, Pb) e Sobral da Adiça com as minas (hoje fechadas) da Preguiça e Vila Ruiva (Zn, Pb). Outras ocorrências de (Pb, Sb, Ag, Zn) enquadram-se no triângulo Ficalho-Moura-Vale de Vargo.
Geologicamente os depósitos de Balsa e Preguiça estão associados a calcários dolomíticos; os de Algares e Enfermarias estão relacionadas com um episódio vulcânico ocorrido na base do Câmbrico Inferior, contemporâneo de uma sedimentação carbonatada, à qual está associado um importante sistema hidrotermal.

Mina Gouveia de Baixo
Nossa Senhora da Vila, Montemor o Novo


Localização

O acesso à mina Gouveia de Baixo faz-se através da N253 de Montemor o Novo para São Cristóvão. Da rotunda onde inicia a N253 em Montemor o Novo até à mina dista 6Km, ficando a mesma do lado esquerdo da estrada.
Geologia

Na carta geológica está assinalado: 1 - Mina Gouveia de Baixo; 2 - Mina de Safira; 3 - Mina da Caeira.
As mineralizações assinaladas de Gouveia de Baixo e Safira estão situadas na periferia de um afloramento de rochas pré hercínicas constituído por ortognaisses graníticos, de quimismo alcalino. Este afloramento situa-se na carta geológica entre Safira e mais além de Gouveia de Baixo, até mais ou menos 6 Km a SW de Montemor o Novo. Tem 10 Km de comprimento, estreito e alongado de orientação geral ESE-WNW e está paralelo às estruturas hercínicas fortemente metamorfizadas.
Em Gouveia de Baixo as mineralizações de As/Au que foram objeto de exploração estão em ligação com metavulcanitos ácidos, constituindo estruturas mineralizadas de tipo "estratóide".
Em Safira as mineralizações de Cu (Pirite e Pirrotite) estão implantadas nos níveis de quartzitos negros associados a micaxistos.
A mina da Caeira situa-se na proximidade e inicio da falha tectónica de Ferreira-Ficalho, a qual divide a Zona Ossa-Morena da Zona Sul Portuguesa. É constituída por um sistema de filões quartzosos brechificados, com mineralizações de Cu (Pirite) e subconcordantes com a estrutura regional. Os filões apresentam-se quase verticais com a direção NNW-SSE e possanças entre 0,20m e 1,30m. Existe uma banda estreita com mineralização complexa de blenda, galena, calcopirite e tetraedrite.
História


As explorações mineiras da Zona Ossa-Morena e concretamente as situadas na zona de Montemor o Novo, tiveram o seu maior impacto na segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX. Em concreto das três minas assinaladas, a mina de Gouveia de Baixo é a que apresenta maiores vestígios com um desmonte a Céu Aberto. Esta mina segundo a nomenclatura explorava o Arsénio e Ouro, muito provavelmente um Sulfossal minério com Ouro. A maioria destas minas antes de serem reclamadas já apresentavam indícios de trabalhos antigos e esta mina não foge à regra e muito provavelmente teve intervenções mineiras feitas pelos Romanos e também na época medieval. A mina de Safira presentemente não tem qualquer vestígio de exploração e o casario da aldeia está abandonado desde 1965. A mina da Caeira presentemente também poucos vestígios tem. Na atualidade esta zona tem tido vários projetos para exploração, nomeadamente de ouro. Em 2012 a empresa canadiana "A Colt Resources" efetuou seis sondagens geológicas com resultados positivos numa extensão de 30 Km na jazida aurífera de Monfurado. Segundo uma fonte desta empresa ao Expresso, informa que as ocorrências de ouro encontram-se entre os 10 e 70m de profundidade, tudo indicando se houver mineração será com desmonte a Céu Aberto. Entretanto os responsáveis por esta empresa canadiana abriram falência e em 2023 a empresa "E79 Portugal, Unipessoal Lda. submeteu um pedido para a atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais na área de Montemor o Novo, abrangendo também os concelhos de Évora, Viana do Alentejo e Vendas Novas. De acordo com os documentos acedidos pel'ODigital.pt , o objetivo é explorar minérios de (Cu, Pb, Zn, Au, Ag) numa área de cerca de 447,5 km², localizada na Zona de Ossa-Morena.
Mina Gouveia de Baixo - Março de 2008
Mineralogia
O resultado da visita a esta mina na recolha de amostras colecionáveis verificou-se sem interesse. No entanto por si só a visita e o estudo recompensaram isso como uma mais valia no meu conhecimento.

Mina Serra dos Monges
Santiago do Escoural



Introdução
A mina Serra dos Monges faz parte de um conjunto de dez concessões designadas por minas de ferro de Montemor o Novo, cuja faixa mineralizada tem cerca de 12Km. Conforme carta topográfica acima representada, a mina dos Monges nº 1 está assinalada dentro do circulo. Esta faixa ocupa parte da cumeada da Serra de Monfurado com a direção NW-SE e passa a NE de Santiago do Escoural. A Serra de Monfurado deve o seu nome a escavações de antigos trabalhos que davam à serra um aspeto de monte furado. A mina Serra dos Monges foi das primeiras minas a laborar na serra e antes disso quer esta, quer a mina da Nogueirinha e a de Ferrarias, já apresentavam evidencias de trabalhos antigos de mineração e metalurgia através de escoriais encontrados localmente. Estes trabalhos muito provavelmente foram laborados pelos Romanos e mais tarde durante toda a época medieval. A mina de Ferrarias é a que tem o maior escorial onde em determinado ponto chega a ter um metro de espessura. O nome de Ferrarias e o de Santiago do Escoural que antigamente era Escorial tiveram origem sem dúvida na existência destes escoriais antigos. As concessões mineiras são:
1 - Mina de Ferrarias; 2 - Mina Serra dos Monges nº 1; 3 - Mina Serra dos Monges nº 2; 4 - Mina do Castelo; 5 - Mina do Carvalhal; 6 - Mina Casas Novas; 7 - Mina Vale da Arca; 8 - Mina da Serrinha; 9 - Mina da Defesa e da Sala; 10 - Mina da Nogueirinha.
Só algumas minas estiveram em produção no período entre 1865/72 e 1926/32 e a mina Serra dos Monges nº 1 foi a principal mina na exploração de minério de ferro, seguida pela mina da Nogueirinha e com menos significado as minas da Defesa, da Serrinha e Vale da Arca.
Localização

O acesso à mina Serra dos Monges faz-se pela N2 entre Montemor o Novo e Santiago do Escoural. Com inicio na rotunda da N2 e depois de 8Km corta-se no entroncamento à direita para a Torre do Carvalhal e a mina fica a 2Km junto do Convento.
Geologia


As mineralizações estratiformes de magnetite e sulfuretos da mina Serra dos Monges estão encaixadas em Anfibolitos, Calcários e Xistos. Conforme mapa geológico das concessões acima representado, a mineralização mais rica (azul escuro) em Calcários do lado esquerdo, faz parte da mina Serra dos Monges. As mineralizações destas minas estão ligadas a processos metamórficos atribuídos à Formação de Monfurado do Câmbrico inferior e é constituída por mármores dolomíticos clorítico-anfibólicos e metavulcanitos. O minério principal explorado é constituído por (Hematite / Magnetite) e alguma (pirite/calcopirite/pirrotite) residual.
História


A origem do nome da mina "Serra dos Monges" deve-se ao facto de existir dentro da concessão o Convento dos Ermitas Descalços de S. Paulo, de Nossa Senhora do Castelo ou das Covas de Monfurado. No início por volta de 1710, os monges viviam em covas ou grutas subterrâneas resultantes das primitivas lavras, até que em 1738 construíram o Convento que mais tarde veio a ser abandonado em 1834 pela extinção de todas as ordens religiosas por Dec. Lei de Joaquim António de Aguiar. Mais tarde o Convento depois de reparado serviu de alojamento a parte dos trabalhadores da mina. A mina dos Monges foi a primeira mina no País a ser concedida para a exploração de ferro com os manifestos de 06/03/1857 por D. Alexandre Botelho e de 12/08/1863 por José Street de Arriaga e Cunha, os quais não deram origem a concessão. Em 27/05/1864 foi de novo registada por Hugo O`Donnele que a transmitiu um mês mais tarde à empresa "Cartaxo Steet & Cª." que veio a receber o alvará de concessão nº 31 em 22/04/1867. Entretanto esta empresa foi procurando mercado para o minério e entre 1870/73 com a cotação do ferro em alta, provocou não só a procura de novas jazidas em Portugal, assim como originou o melhor período de laboração para a mina dos Monges registado entre 1869 e 1879 em que exportou 132.354,35 t de minério de ferro. A empresa por volta de 1872 estimulada com a procura do minério de ferro por parte das siderurgias inglesas, procedeu à construção de um ramal ferroviário com a extensão de 4,2Km, desde a mina até ao Km 81 da linha Sul e Sueste onde entroncava. O minério posteriormente era transportado até à Ponte dos Ingleses no Barreiro, onde depois de descarregado seguia por via fluvial para Inglaterra.
Galeria de Trabalhos da Mina dos Monges - S.F.M.
A partir de 1879 a concorrência das minas de ferro de Bilbau no mercado fez cair a pique a cotação do ferro o que provocou a paralisação e posterior abandono dos trabalhos mineiros e também ao levantamento do ramal de caminho de ferro. No inicio do século XX a mina foi vendida à empresa "Wrigh, Butler & Company, Limited" que obteve o alvará em 14/12/1900. Durante dois anos e meio esta empresa exportou 49.269 t de minério. Entretanto esta concessionária transmitiu a mina para a empresa "Baldwins Limited" que obteve o alvará em 28/10/1903. Laborou até 1905 com uma última exportação de 3.200 t de minério. Entre 1906 e 1909 a produção de ferro das minas em Portugal esteve completamente paralisada, o que levou a mina a ser considerada abandonada pela Baldwins em 27/08/1913. Em Janeiro de 1916 a mina dos Monges foi a leilão, a qual foi abjudicada pela empresa "Henry Burnay & Cª." que obteve o alvará em 21/05/1918, sendo mais tarde substituída pelo Banco Burnay com o alvará da concessão em 31/05/1926. Em Junho de 1937 o Banco Burnay pediu a suspensão de lavra da mina, o qual foi deferido no final desse ano.

A mina Serra dos Monges foi onde se desenvolveu os maiores trabalhos subterrâneos para além do desmonte dos afloramentos a céu aberto através de cortas. O jazigo no agrupamento de massas mineralizadas com a direção NW-SE estava dividido em diversos trabalhos. Assim seguindo esta direção:
1 – Trabalhos de S. Jorge; 2 – Trabalhos da Ermida; 3 – Trabalhos de D. Maria; 4 – Trabalhos do Filão Street; 5 – Trabalhos da Pirâmide; 6 – Trabalhos do Filão Barbosa; 7 – Trabalhos das Águas.
O conjunto em pleno funcionamento era um autêntico formigueiro com varias cortas e bocas de mina em que muito do minério saía através de rampas pelo método decauville em que a vagoneta carregada descia por gravidade e através de cabos fazia subir ao mesmo tempo a vagoneta vazia. Este minério depois era transportado até à torba junto da linha ferroviária Sul e Sueste.
Presentemente o Convento está em ruínas e ao abandono e os locais de desmonte das cortas são matagais densos. A última visita que fiz ao local em Março de 2019 verifiquei que arrasaram e taparam a boca de mina dos trabalhos da Ermida junto do Convento. Ainda se vislumbram algumas escombreiras no meio do matagal.
Ref: Minas de Ferro de Montemor o Novo - Publicação nº 15 - 1949 - S.F.M.
Convento da Mina dos Monges - Março de 2019
Mineralogia
A página do Mindat para esta mina indica 8 minerais. A recolha de amostras disponíveis nas escombreiras basicamente resumem-se a amostras de hematite e cristais octaédricos milimétricos de magnetite alojados em ganga anfibólica.

Mina da Nogueirinha
Santiago do Escoural


Localização

Á saída de Santiago do Escoural na N2, na rotunda à esquerda apanha-se a N370 e após 750m corta-se no entroncamento á direita para a CM1079. Após 4Km com inicio no entroncamento desta estrada camarária, encontra-se do lado esquerdo a entrada para a Herdade da Nogueirinha. A mina encontra-se a 500m da estrada em propriedade privada e requer autorização prévia para a visita.
Geologia


A mina da Nogueirinha situa-se no extremo direito da faixa mineralizada conforme mapa acima assinalado com um circulo a englobar o local geológico da concessão. Geologicamente faz parte da vertente sul da serra de Monfurado.