Mina da Panasqueira

Fundão / Covilhã

Mina da Panasqueira (Barroca Grande) - vista aérea - 2012 - (Wikipédia)
Mina da Panasqueira (Barroca Grande) - vista aérea - 2012 - (Wikipédia)

Introdução 

Provérbio : Minerais de Portugal é da Panasqueira, o resto são chouriços. 

A mina da Panasqueira com mais de 120 anos em atividade, é uma referência a nível mundial por ser um dos maiores depósitos de Tungsténio e Estanho da Europa. Para além deste aspeto também é famosa pela excelente representatividade de um largo número de minerais que ao longo de décadas vão contribuindo para o acervo de muitos museus e coleções particulares. Os cristais clássicos de Fluorapatite, Cassiterite, Ferberite, Arsenopirite, Marcassite, Siderite e outros, sobressaem pela sua identidade em tamanho e morfologias. Minerais tipo desta mina são a Panasqueiraíte e a Thadeuíte, ambos fosfatos básicos de Ca e Mg. A mina presentemente tem uma loja de minerais aberta ao público nas suas instalações onde se pode adquirir exemplares interessantes. A loja foi criada com o objetivo de dissuadir o comércio ilegal de minerais que tem vindo a ser concretizado ao longo dos anos por alguns trabalhadores da mina, contudo os valores em causa destes minerais à boca da mina e a sua procura, faz com que este comércio paralelo não acabe.

Visita em Julho de 2004

Localização

Localização das minas por satélite
Localização das minas por satélite
Localização das Minas da Panasqueira
Localização das Minas da Panasqueira

Os coutos mineiros da Panasqueira e Vale da Ermida localizam-se nos concelhos da Covilhã e do Fundão no Distrito de Castelo Branco entre os maciços da Serra do Açor e da Gardunha. A concessão mineira tem o nome de "Contrato de Exploração C-18" com uma área de 20,5 Km2. O ponto mais baixo da concessão mineira situa-se junto ao Rio Zêzere à cota 360m e o mais alto no marco geodésico do Chiqueiro à cota 1086m. Este perímetro mineiro fica a 34km da cidade do Fundão, cujas instalações estão centralizadas junto das povoações de Barroca Grande e Aldeia de S. Francisco de Assis.

Geologia

Mapa Geológico de Portugal – (Localização da Mina da Panasqueira)
Mapa Geológico de Portugal – (Localização da Mina da Panasqueira)

As minas da Panasqueira localizam-se na grande mancha do Complexo Xisto-Grauváquico do Grupo das Beiras, na Zona Centro Ibérica (ZCI). Trata-se de uma região onde predominam formações sedimentares metamorfizadas, mas onde ocorre também um grande número de manifestações eruptivas ácidas e básicas. A idade dos metassedimentos é atribuída ao Câmbrico ou Pré-Câmbrico superior. A (ZCI) geotecnicamente enquadra-se ao Maciço Hespérico, cuja metalização faz parte de uma das províncias metalogénicas SN-W mais importante da Europa. Esta província forma o denominado "Arco do Estanho" que agrupa os depósitos da região Centro e Norte de Portugal e de Espanha com a Corunha, Pontevedra, Orense, Zamora, Salamanca, Cáceres e Badajoz. Este arco caracteriza-se pela presença de intrusões de granitos hercínios a que se associa mineralizações de Sn-W, dispostas em veios, filões (intra e extra-batolíticos e greisens em cúpulas graníticas). O campo filoniano da Panasqueira para além da caracterização acima referida, tem também rochas básicas intrusivas que foram identificadas como Doleritos e que ocorrem sob a forma de filões (diques) de 0,5 a 3m de possança, com orientação predominantemente N-S e inclinação vertical. São de cor cinza escura, grão fino, encontrando-se alterados no contacto com os filões mineralizados e são intersectados pelo sistema de filões hidrotermais. Estes diques são posteriores às duas fases de deformação pela ascensão do maciço intrusivo. Na zona Este do Couto Mineiro da Panasqueira ocorrem xistos mosqueados com blastos de Biotite e Clorite, e menos frequentemente de Quiastolite e Cordierite que correspondem a uma auréola de metamorfismo de contacto a qual foi considerada como indicação da presença de uma intrusão de um corpo magmático em profundidade.  

Corte geológico esquemático do campo filoniano da Panasqueira
Corte geológico esquemático do campo filoniano da Panasqueira

Este corpo magmático em forma de cúpula corresponde a um leucogranito que foi afetado fortemente por fenómenos deutéricos que produziram uma greisenização parcial na zona de contacto com a rocha encaixante, conforme corte geológico esquemático do campo filoniano da Panasqueira, cuja génese relaciona-se com a instalação e arrefecimento de corpos granitoides instalados em níveis crustais superiores (< 5 km de profundidade) durante o Paleozoico Superior.

Geologia do Couto Mineiro da Panasqueira
Geologia do Couto Mineiro da Panasqueira

Thadeu (1951) descreveu sete áreas do depósito, sendo cada uma com características geológicas, tectônicas e mineralógicas próprias. Estas áreas foram todas exploradas em diferentes extensões e em períodos de tempo coincidentes ou não entre elas. As áreas são: 

1- Panasqueira-Barroca Grande.

2- Corga Seca-Alvoroso - Veia Branca-Giestal.

3- Lomba da Cevada.

4- Rebordões-Seladinho.

5- Fonte das Lameiras.

6- Vale das Freiras - Vale da Ermida. 

7- Cabeço do Pião.

História

Lavaria antiga - Aldeia da Panasqueira - 1945
Lavaria antiga - Aldeia da Panasqueira - 1945

O nome Panasqueira tem como origem o primeiro local de exploração mineira. A população da aldeia de Cebola, hoje (S. Jorge da Beira), plantava os seus produtos agrícolas em três pequenos vales (Madurrada, Vale Torto e Panasqueira). Foi no último destes vales (Panasqueira) que se iniciaram os trabalhos de exploração de minério e se fez a primeira lavaria. O nome desse vale deriva de panasco, nome vulgar dado a vários géneros de gramínea (Dactylis, Agrostis) muito comuns na região, em especial nos campos onde se semeava centeio. O povo começou imediatamente a chamar à mina principiante – Minas da Panasqueira. A exploração de minério na "Serra das minas" remonta a tempos imemoráveis com o registo de extensas galerias nos lugares de Vale da Ermida, Fontes Casinhas e Courelas associadas à exploração de estanho e que está pouco documentado. Há registo de exploração aluvionar de estanho na ribeira da Cebola, perto de S. Jorge da Beira que se atribuí ao período Romano. Depois desta exploração feita pelos povos antigos, não há memória ou documentos que indiquem qualquer exploração de minério. Só em 1888 há a referência através do livro "Catálogo descritivo da secção de minas" que descreve a descoberta de vários jazigos de Volfrâmio no Vale de Ermida e Vale do Pião. Em 25 de Novembro de 1898 o "Diário do Governo" publicou a autorização de concessão para a Sociedade de minas de Volfrâmio de Portugal na Firma Almeida Silva Pinto e Comandita. Em data posterior, o registo foi vendido ao banqueiro Henrique Burnay. Em 1901 a concessão foi arrendada a uma firma Inglesa durante um curto período, a qual voltou ao Banco Burnay. Em data posterior foi montada a primeira lavaria mecânica de acionamento a vapor. As primeiras galerias (nº 10 e nº 13) são desta altura. Em finais de 1909 através de um registo de expedição da mina, indicava a produção de 41 toneladas de concentrado de volfrâmio. A 15 de Julho de 1911 é feita a escritura de venda da empresa à The Wolfram Mining and Smelting Company Limited de 11 concessões e 125 Ha de terreno. Esta firma investiu no desenvolvimento com a abertura de muitas galerias, ampliação e modernização de lavarias, instalação de um cabo aéreo de 5km de extensão. Com o início da 1ª Guerra Mundial e consequente aumento do preço do volfrâmio houve um aumento de produção que estabilizou durante este período em valores próximos a 30 t mensais de concentrado de volfrâmio. Finda a Primeira Guerra Mundial (1918-1919) com a baixa dos preços deu-se a paralisação da produção e em 1926 deu-se início à exploração de estanho. Em 1928 com a entrada de novos acionistas a empresa mudou o nome para Beralt Tin and Worfram Limeted. A partir de 1934 os preços do volfrâmio começaram a subir e com a entrada da Segunda Guerra Mundial o crescimento da atividade aumentou.

Linha da Cabeça do Pião - 1945
Linha da Cabeça do Pião - 1945
Mulheres a esmagar volfrâmio - 1945
Mulheres a esmagar volfrâmio - 1945

Em 1943 a produção mensal de concentrados de volfrâmio atingia as 300t. Nesta altura fez-se a ligação por galeria da Barroca Grande à Panasqueira. Na altura da 2ª Guerra Mundial a Panasqueira era a maior mina do país e uma das maiores minas de volfrâmio do mundo. Com o fim da 2ª Guerra Mundial o preço do volfrâmio desceu drasticamente só voltando a subir em 1950 devido à Guerra da Coreia. Neste período a empresa investiu a fundo na modernização de várias infraestruturas e entre 1957 e 1965 incrementou a produção de estanho e cobre para compensar o baixo preço do volfrâmio. Até 1970 a empresa teve uma evolução positiva, porém nos três anos seguintes a cotação do volfrâmio desceu drasticamente com consequentes encargos financeiros avultados e que fez aumentar o capital com a entrada de novos acionistas. Em 1973 com a entrada do BNU (Banco Nacional Ultramarino) com 20% do capital, a empresa mudou o nome para Beralt Tin and Worfram Portugal. A partir de 1974 o custo da mão-de-obra subiu o que veio acelerar a mecanização das operações subterrâneas. Durante os anos 70 estudaram-se várias alternativas para o aprofundamento da mina e procedeu-se à abertura do Nível 2 e extração através de um poço inclinado que arrancou em 1982. A partir de 1983 o preço começou a descer novamente e a Charter Consolidated detentora de 80% das ações vendeu em 1990 a sua participação à Minorco.

Mineiros a perfurar - 1945
Mineiros a perfurar - 1945
Saída de turno (entrada principal) - 1945
Saída de turno (entrada principal) - 1945

Os baixos preços do volfrâmio levaram a Minorco a encerrar a mina e vender em 1993 a empresa à Avocet Mining. Em Janeiro de 1994 a Avocet Mining reabriu a mina e transferiu a Lavaria do Rio para a Barroca Grande, continuou com a abertura do nível 3 e a construção de um poço de extração entre os níveis 2 e 3, que começou a operar em 1998. As cotações extremamente baixas e persistentes do volfrâmio levou a empresa a notificar a Direção Geral de Minas do encerramento da Mina a partir de 1 de Janeiro de 2004. Na sequência de negociações, o Estado através do Fundo de Garantia Salarial garantiu o pagamento dos salários dos trabalhadores entre Março e Agosto de 2004, o que criou condições para a retoma e aquisição da mina por parte da Almonty Industries. Em Outubro de 2007 a empresa japonesa Sojitz Corporation adquiriu as Minas da Panasqueira vendendo-a de novo à Almonty Industries em Janeiro de 2016. A empresa americana Almonty Industries é a actual proprietária das Minas da Panasqueira, a qual mudou o nome novamente para Beralt Tin and Wolfram. Até ao presente a exploração está focada numa área bastante alargada da mina entre os níveis 0 e 3, retomando-se a exploração de uma antiga área mais rica em estanho na zona norte do nível 2, conhecida como Panasqueira Deep. 

Mineralogia

Filão de Quartzo mineralizado - (Bocamina)
Filão de Quartzo mineralizado - (Bocamina)
Filão de Quartzo mineralizado em Pilar
Filão de Quartzo mineralizado em Pilar

O jazigo da Panasqueira é constituído por um extenso campo de filões de quartzo, notável pelas dimensões que atinge e pela riqueza da paragénese mineral. Deste modo, a zona mineralizada de W-Sn-(Cu) consiste em filões de quartzo sub-horizontais, (habitualmente com inclinação inferior a 25º, no entanto podem apresentar valores de 30 a 40º, quanto mais próxima for a distância à cúpula greisenizada) que se sobrepõem e preenchem fraturas principalmente desenvolvidas em rochas xistosas, com possança média de 25cm (podendo variar entre 1 a 150cm) e uma extensão horizontal que pode atingir os 200m, sendo em média 48m.

Detalhe da disposição dos filões na estrutura de exploração em pilares - (Bocamina)
Detalhe da disposição dos filões na estrutura de exploração em pilares - (Bocamina)

Os veios de quartzo contendo W-Sn são da idade Carbonífera, tendo-se formado durante a fase final da Orogenia Hercínica, quando o magma ascendente libertou os fluidos mineralizantes. Os detalhes do processo ainda não são completamente compreendidos (Kelly e Rye, 1979), mas é evidente que a mineralização começou quando os fluidos migraram da cúpula granítica, e que a composição do minério foi posteriormente afetada pelas águas meteóricas que incidiram sobre o depósito. A mineralização de um veio típico é formada por camadas paralelas e sucessivas da periferia para o seu centro que correspondem a várias fases bem diferenciadas e que se caracterizam no seguinte: 

Pormenor de veio metalizado em pilar do 2º nível - (Bocamina)
Pormenor de veio metalizado em pilar do 2º nível - (Bocamina)

 1- Uma primeira fase de "costura de quartzo" que abriga quartzo e alguma turmalina (schorl-dravite).

2- Uma formação com ourela de moscovite, com quartzo, turmalina, moscovite, arsenopirite, topázio e fluorapatite.

3- Um estágio principal de óxidos-silicatos, rico em W-Sn, com quartzo, turmalina, moscovite, arsenopirite, cassiterite, ferberite e fluorapatite.

4- Um estágio principal de sulfuretos, com quartzo, turmalina, moscovite, arsenopirite, fluorapatite, outros fosfatos, esfalerite, pirrotite, pirite, calcopirite e cassiterite.

5- Uma etapa de alteração de pirrotite, com siderite, pirite, marcassite, calcopirite, estanite, galena e sulfuretos de As-Bi (Polya, 2000; Ascenção Guedes, 2002).

6- Após estas fases mineralizantes houve uma fase terminal, conhecida como estágio carbonático tardio, caracterizada pelo aparecimento de dolomite, calcite e sulfuretos de Ni-As formando crostas e revestimentos.

A ferberite (tungsténio), o principal minério explorado em termos económicos, concentra-se basicamente no terceiro estágio principal de óxidos-silicatos no centro dos veios, enquanto a maior parte dos sulfuretos de minério são encontrados no quarto estágio principal de sulfuretos e nas zonas de alteração da pirrotite. A cassiterite (estanho) e a calcopirite (cobre) correspondem a subprodutos de exploração destes estágios principais de mineralização. 

Nestes veios aparecem de vez em quando espaços abertos (rachaduras, fissuras, cavidades) nos quais podem-se formar cristais de ferberite, fluorapatite, cassiterite e arsenopirite que assentam sobre camadas de pequenos cristais aciculares de turmalina e/ou moscovite (sal banda). Por sua vez, camadas posteriores com cristais de sulfuretos (marcassite, pirite e calcopirite) e de carbonatos (siderite, calcite e dolomite), cristalizam normalmente sobre cristais de ferberite, fluorapatite, etc.

Cavidade grande em veio do 2º nível - (Bocamina)
Cavidade grande em veio do 2º nível - (Bocamina)

 A mineralização nas grandes cavidades é semelhante, sendo caracterizada pela presença de quartzo bem cristalizado e por cristais grandes e bem desenvolvidos de fluroapatite, siderite, arsenopirite e marcassite, os quais são dignos de serem colecionáveis e cuja génese leva o nome da mina da Panasqueira a todo o Mundo pela beleza dos seus cristais. A maioria dos exemplares de melhor qualidade para coleção provêm do Vale das Freiras - Vale da Ermida e em particular da Panasqueira - Barroca Grande. Nas sete áreas de exploração das minas a distribuição da mineralização é irregular, contudo a mineralização da Panasqueira e no Vale da Ermida é claramente a mais rica, embora com o andamento dos trabalhos, tem-se verificado que a mineralização é mais esparsa nos níveis mais profundos da Barroca Grande (Azevedo e Calvo, 1997) e por conseguinte a cristalização em cavidades com cristais para coleção também se reflete neste aspeto. 

Na página do Mindat.org estão contabilizados 88 minerais, sendo dois de génese local, a Panasqueiraíte e a Thadeuíte. De seguida é abordado uma descrição de alguns minerais com mais representatividade das minas da Panasqueira.

-SULFURETOS-

Arsenopirite

Arsenopirite, Cassiterite, Siderite - 3x3x2cm
Arsenopirite, Cassiterite, Siderite - 3x3x2cm
Arsenopirite - 4x4x3cm
Arsenopirite - 4x4x3cm

A Arsenopirite - FeAsS - é um sulfoarsenieto de ferro e é um mineral comum. Na Panasqueira não tem interesse económico e está muito bem representada. Cristaliza no sistema monoclínico e os seus cristais normalmente apresentam-se em prismas estriados verticalmente sob o plano (101) que é uma característica clássica da morfologia da arsenopirite. 

Morfologias da Arsenopirite da Panasqueira
Morfologias da Arsenopirite da Panasqueira

Os cristais são terminados por duas faces que correspondem ao plano (120) também estriadas, apresentando-se muitas vezes biterminados. A maioria dos exemplares apresentam formação com crescimento paralelo de cristais, podendo alcançar dimensões avantajadas. Os cristais individuais normalmente apresentam-se com dimensões nos 2cm, podendo alcançar os 7cm. Mais raramente podem-se encontrar maclas de compenetração sob o plano (012) que são habituais neste mineral. Foram encontrados alguns exemplares com crescimentos em epistaxe sobre calcopirite. As formações paralelas de cristais aplanados e terminados em cunha confundem-se com as formações cristalográficas "crista de galo" da marcassite. A arsenopirite por norma é um mineral que se altera devido ao conteúdo do arsénio, contudo os exemplares da Panasqueira são estáveis, não apresentando qualquer alteração, (tenho alguns exemplares com mais de 30 anos sem qualquer degradação). A Arsenopirite normalmente apresenta uma cor cinzenta de prata com brilho metálico, podendo ter patinas iridescentes esverdeadas que se confunde à primeira vista com a marcassite.  

Calcopirite

Calcopirite, Estanite - 9x7x5cm
Calcopirite, Estanite - 9x7x5cm
Calcopirite sobre Esfalerite - 3x2x2cm
Calcopirite sobre Esfalerite - 3x2x2cm
Calcopirite - 6x6x5cm
Calcopirite - 6x6x5cm
Calcopirite - 7x6x5cm
Calcopirite - 7x6x5cm
Calcopirite - 5x4x3cm
Calcopirite - 5x4x3cm

A Calcopirite - CuFeS2 - é um sulfureto de cobre e ferro e tem alguma importância económica como minério de cobre. Do seu concentrado também se obtêm 800 gramas de prata por tonelada. Está representada em toda a zona mineira, sendo especialmente mais abundante no Vale de Ermida. É um minério que se encontra também disseminado no greisen (Thadeu 1951). A Calcopirite cristaliza no sistema tetragonal e na Panasqueira apresenta-se normalmente massiva juntamente com outros sulfuretos como a esfalerite. Os cristais são relativamente raros e cristalizam em formas pseudotetraédricas com as arestas mal definidas e com dimensões entre os 2 e 3cm e mais raramente os 5cm. Os cristais que se desenvolvem nas cavidades, normalmente estão associados a cristais de quartzo, esfalerite, arsenopirite, siderite, moscovite, dolomite e calcite.

Esfalerite

Esfalerite, Siderite - 6x6x4cm
Esfalerite, Siderite - 6x6x4cm
Esfalerite – 11x7x5cm
Esfalerite – 11x7x5cm

A Esfalerite - ZnS - é um sulfureto de zinco e na Panasqueira não é abundante, pelo que até ao momento não é recuperada como um minério de zinco. A maioria dos exemplares de esfalerite têm um grau elevado de ferro, podendo considerar-se a variedade marmatite - (Zn,Fe)S, a qual apresenta-se quase negra e de brilho sedoso. É um mineral que cristaliza no sistema cúbico e na mina apresenta-se normalmente em massas granulares e mais raramente em massas espáticas, sendo mais abundante nos filões menos profundos da mina. Também se apresenta disseminada no greisen tal como a calcopirite. Os cristais apresentam-se pouco definidos com hábito tetraédrico podendo atingir vários centímetros. São frequentes os crescimentos paralelos com indivíduos microscópios, o que lhe dá um brilho sedoso característico. No Vale de Ermida foi encontrado em pequenas cavidades, cristais sub-euédricos de esfalerite com cristais de quartzo. Nas cavidades dos veios superiores acompanha para além dos cristais de quartzo, cristalização de siderite, fluorapatite e pirite.

Marcassite

Marcassite, Siderite - 5x4x3cm
Marcassite, Siderite - 5x4x3cm
Marcassite - 4x4x3cm
Marcassite - 4x4x3cm

A MarcassiteFeS2 - é um sulfureto de ferro que se apresenta normalmente associada à pirite e são um produto de alteração hipogénica da pirrotite que pertence ao 5 estágio de mineralização (Kelly & Rye, 1979). Esta associação está mais marcada na Barroca Grande do que no Vale de Ermida, pois aqui o processo de alteração é menos acentuado. A marcassite encontra-se em cavidades de formação tardia e acompanha normalmente com carbonatos, principalmente com a dolomite. É um mineral que cristaliza no sistema ortorrômbico e na mina apresenta-se em belos conjuntos que podem conter cristais até 3cm em associações sub-paralelas denominadas "cristas de galo". Também aparece maclas sob o plano (102) com os cristais fortemente estriados e maclas cíclicas denominadas "ferro em lança" de aspeto pseudo-hexagonal. Tem uma cor amarelo esverdeada que escurece em contato com o ar. É relativamente estável em comparação com outros jazigos e normalmente é encontrada juntamente com a arsenopirite formando muitas vezes crescimentos em epistaxe com esta. Esta associação na Panasqueira explica muito para o facto de não se detiorar ou alterar em goethite. 

Pirite

Pirite, Siderite – 5x4x3cm
Pirite, Siderite – 5x4x3cm
Pirite - 5x3,5x3cm
Pirite - 5x3,5x3cm

A Pirite - FeS2 - é um sulfureto de ferro que se encontra igualmente associada à marcassite e são um produto de alteração hipogénica da pirrotite. Apresenta-se em massas finamente granulares e em cristais. No primeiro caso trata-se de uma pirite de formação recente e que acompanha a calcopirite e arsenopirite. A formação de cristais é de uma fase mais tardia em acompanhamento na formação dos carbonatos, podendo cristalizar-se sobre estes. A Barroca Grande é onde se encontra a maior quantidade de pirite devido á maior eficiência de alteração hipogénica da pirrotite. É um mineral que cristaliza no sistema cúbico em que os cristais oscilam entre 1mm e 3cm, sendo em geral de menor tamanho, aqueles em que o octaedro é a forma dominante. (Thadeu, 1951), reporta que a pirite é mais abundante nos filões com mineralizações mistas de cassiterite e volframite.

-HALOGÉNEOS- 

Fluorite

Fluorite, Quartzo, Moscovite - 4x4x3cm
Fluorite, Quartzo, Moscovite - 4x4x3cm
Fluorite - 3x2,5x2cm
Fluorite - 3x2,5x2cm
Fluorite - 6x4x2,5cm
Fluorite - 6x4x2,5cm
Fluorite - 2x2x2cm
Fluorite - 2x2x2cm

A Fluorite - CaF2 - é um fluoreto de cálcio e é o único haloide com representação da mina da Panasqueira. Não é muito comum e encontra-se essencialmente em cavidades em associação com cristais de quartzo, fluorapatite, carbonatos e pirite. Cristaliza no sistema cúbico e tem uma formação relativamente tardia e posterior à fluorapatite. Raramente apresenta-se massiva e a melhor representação cristalográfica provém do Vale de Ermida com cristais cúbicos a atingir os 3cm de aresta e agregados paralelos até 7cm. A cor normalmente é violeta com pátinas brancas.

-ÓXIDOS-

Cassiterite

Cassiterite – 2,5x2x2cm
Cassiterite – 2,5x2x2cm
Cassiterite, Estanite - 7x5x3cm
Cassiterite, Estanite - 7x5x3cm

A Cassiterite - SnO2 - é um óxido de estanho e na mina é um mineral que tem a segunda importância económica como minério de estanho. Cristaliza no sistema tetragonal com representação de cristais bem formados e definidos, raramente apresenta-se massiva. A sua distribuição na mineralização dos veios de quartzo é irregular e devido a este fator, a exploração como minério varia com a riqueza da zona em exploração. Os veios mais ricos de massas cristalinas são do Vale de Ermida, Corga Seca e das Guerras, onde os cristais de cassiterite podem atingir dimensões superiores a 3cm e acompanham ferberite, quartzo, fluorapatite e siderite. Na atualidade os cristais que vão aparecendo, raramente ultrapassam 1cm e são provenientes da Barroca Grande.

Morfologias da Cassiterite da Panasqueira
Morfologias da Cassiterite da Panasqueira

A cassiterite apresenta coloração entre o negro e o castanho claro com brilho adamantino e em algumas áreas da mina os cristais apresentam-se em maclas dipiramidais cíclicas compostas por três indivíduos e por vezes mais, chegando a terem até 10 indivíduos (cross-bits). As faces do prisma são as que apresentam menos desenvoltura com estrias verticais. Apresenta combinações várias, mas a forma dominante das maclas dipiramidais é no plano (111) e também mas menos com desenvolturas do prisma no plano (210) e (110).

Ferberite

Ferberite - 7x3x2cm
Ferberite - 7x3x2cm
Ferberite – 14x10x2,5cm
Ferberite – 14x10x2,5cm
Ferberite - 6x4x1,5cm
Ferberite - 6x4x1,5cm
Ferberite - 9,5x4x2cm
Ferberite - 9,5x4x2cm

A Ferberite - FeWO4 - é um volframato de ferro que pertence ao grupo da volframite, a qual forma séries com a Hubnerite - MnWO4 - o término mais rico em manganês. Na mina da Panasqueira o volfrâmio tem um teor férrico perto dos 92% e a nível económico é o principal minério em exploração, fazendo pela sua abundância um dos maiores produtores de volfrâmio da Europa. É um mineral que cristaliza no sistema monoclínico, formando massas de considerável volume com cristais bem definidos entre os 2cm e os 15cm. Normalmente os cristais isolados são biterminados. Nas cavidades apresenta-se normalmente em grupos de cristais bem desenvolvidos envoltos em quartzo, formando grupos de crescimento paralelo e hábito tabular. Acompanha por norma todas as outras espécies, mas as mais comuns são a moscovite, siderite, quartzo, fluorapatite e cassiterite.

Morfologias da Ferberite da Panasqueira
Morfologias da Ferberite da Panasqueira

A ferberite apresenta colorações negras com lustro brilhante e a forma dominante é o prisma pinacoide no plano (100) tipicamente terminado e estriado, acompanhado por pinacoides de 2ª e 3ª ordem com os planos respetivos (010) e (001). Acompanha por vezes com prismas sob planos (110) e (102). Não é raro encontrar maclas de contato em agrupamentos paralelos no plano (100).

Quartzo

Quartzo, Siderite - 12x6x6cm
Quartzo, Siderite - 12x6x6cm
Quartzo, Siderite - 19x7x5cm
Quartzo, Siderite - 19x7x5cm
Quartzo, Dolomite - 10x5x3cm
Quartzo, Dolomite - 10x5x3cm
Quartzo, Siderite, Dolomite - 12x4x3,5cm
Quartzo, Siderite, Dolomite - 12x4x3,5cm

O Quartzo - SiO2 - é o mineral mais abundante da constituição dos filões da mina da Panasqueira, formando massas compactas de quartzo leitoso. Nas cavidades maiores apresenta-se em cristais bem definidos, quase hialinos, podendo ultrapassar os 50cm, formando drusas com dezenas de kilos, as quais em associação com outros minerais, formam exemplares muito bonitos para coleção. É comum os cristais terem por vezes inclusões de agulhas de turmalina e também cristais de arsenopirite, cassiterite, fluorapatite, pirite, moscovite e fragmentos de ferberite. A formação cristalográfica em geral é simples e apresenta-se em prismas piramidais, (raramente bipiramidal), com as faces estriadas horizontalmente e terminado pelos romboedros positivos (1011) e negativos (0111). A terminação romboédrica positiva normalmente tem as faces sempre mais desenvolvidas que a parte negativa. No Vale de Ermida foi reportado a presença de cristais de ametista de cor clara e habito curto.

-CARBONATOS-

Calcite

Calcite, Fluorapatite - 10x6x3cm
Calcite, Fluorapatite - 10x6x3cm
Calcite - 15x7x2cm
Calcite - 15x7x2cm
Calcite, Pirite - 7x5x2cm
Calcite, Pirite - 7x5x2cm

A Calcite - CaCO3 - é um carbonato de cálcio do ultimo estágio de mineralização tardia dos filões da mina. É um mineral comum que cristaliza sobre os outros minerais em crostas de pequenos cristais romboédricos de cor branca, incolor, ligeiramente rosada ou acastanhada com formações bem definidas nos planos prismáticos (1010) e (1011) . Por vezes apresenta-se lenticular ou em agregados regulares até 1cm de pequenos cristais laminares de aparência hexagonal (poker chip) com crescimentos prismáticos no plano (0112). Algumas formações com cristais de calcite apresentam-se zonados quimicamente com dolomite, sendo necessário fazer o teste com HCL para determinar qual a espécie dominante. Também foi observado pseudomorfoses de calcite depois de fluorite conservando a aparência cúbica.    

Dolomite

Dolomite depois de Calcite - 10x6x5cm
Dolomite depois de Calcite - 10x6x5cm
Dolomite, Quartzo - 12x6x6cm
Dolomite, Quartzo - 12x6x6cm
Dolomite - 10x5x5cm
Dolomite - 10x5x5cm
Dolomite, Arsenopirite - 8x5x3,5cm
Dolomite, Arsenopirite - 8x5x3,5cm

A Dolomite - CaMg(CO3)2 - é um carbonato de cálcio e magnésio e tal como a calcite tem formação tardia. Aparece ocasionalmente em grupos de cristais romboédricos por vezes deformados (formação em sela), podendo chegar até 1cm numa cor branca turva. Normalmente deposita-se sobre cristais de quartzo, fluorapatite, sulfuretos e ferberite, formando por vezes exemplares estéticos. Deposita-se sempre a nível microcristalino  sobre a siderite rica em magnésio, formando cristais mistos. Associa-se por vezes quimicamente com a calcite, podendo formar pseudomorfoses com esta.

Siderite

Siderite sobre Moscovite - 28x10x7cm
Siderite sobre Moscovite - 28x10x7cm
Siderite - 11x5x3,5cm
Siderite - 11x5x3,5cm
Siderite - 9x7x5cm
Siderite - 9x7x5cm
Siderite, Fluorite - 10x5x4cm
Siderite, Fluorite - 10x5x4cm

A Siderite - FeCO3 - é um carbonato de ferro do grupo da calcite e é um dos minerais mais comuns que ocorre na mina, pois tem formação em todas as estruturas mineralizadas, principalmente onde o processo de alteração hipogénico da pirrotite é mais eficaz, a qual associa-se ao par (marcassite / pirite). Os seus cristais podem atingir dimensões generosas com mais de 20cm de aresta. De acordo com a sua morfologia básica, na mina apresenta-se com três estruturas cristalinas diferentes. 

Morfologias da Siderite da Panasqueira
Morfologias da Siderite da Panasqueira

A estrutura mais comum são os cristais lenticulares em forma de disco, cuja formação é uma combinação das caras curvadas de cristais romboédricos obtusos, podendo nalguns casos esta formação adquirir contorno hexagonal com as arestas bem definidas. Outra formação é a representação marcadamente romboédrica pelo plano positivo (1011), onde por vezes apresenta estrias horizontais. Um terceiro tipo de formação cristalográfica é o habito prismático com terminação de um pinacoide que praticamente só se encontra na mina da Panasqueira. Uma característica da siderite da Panasqueira é a estrutura interna dos cristais com crescimentos em epistaxe de dentro para fora com a dolomite, onde o interior dos cristais apresentam coloração muito mais escura que o exterior devido ao carbonato de ferro puro.   

-FOSFATOS-

Fluorapatite

Fluorapatite - 6x4,5x3cm
Fluorapatite - 6x4,5x3cm
Fluorapatite, Siderite, Quartzo - 3x3x2cm
Fluorapatite, Siderite, Quartzo - 3x3x2cm
Fluorapatite, Siderite, Moscovite - 5x2,5x2,5cm
Fluorapatite, Siderite, Moscovite - 5x2,5x2,5cm
Fluorapatite, Arsenopirite - 2x2x1cm
Fluorapatite, Arsenopirite - 2x2x1cm
Fluorapatite, Moscovite - 3x2x2cm
Fluorapatite, Moscovite - 3x2x2cm
Fluorapatite - 4x3x1cm
Fluorapatite - 4x3x1cm

A Fluorapatite - Ca5(PO4)3F - é um fosfato de cálcio com fluor e é a estrela da mina da Panasqueira. Os cristais claros, principalmente em tons lilases e azuis a par dos cristais de ferberite fazem com que a mina da Panasqueira seja conhecida mundialmente. Há conhecimento da recolha de cristais superiores a 10cm, mas o mais corrente é entre 1 e 3cm. Os melhores cristais que já vi, foi em 1985 numa coleção particular na rua do Ouro em Lisboa. Apreciei um conjunto insane de cristais prismáticos esticados e estreitos com talvez 15cm numa cor verde amarelada, parecendo autenticas turmalinas (uma anormalidade). 

A sua distribuição na mina é irregular, contudo é no Vale de Ermida e Panasqueira que é mais abundante e mais escassa nos níveis mais profundos da Barroca Grande.

Os cristais de apatite cristalizam em prismas hexagonais e os mais comuns deste jazigo apresentam-se tabulares grossos com uma coloração esverdeada mais ou menos escura. No geral são bem definidos e pobres em faces, nos quais predomina os prismas de primeira ordem no plano (1010) e menos no plano (1120) terminado pelo pinacoide (0001). Os prismas de primeira ordem, quando pequenos, normalmente apresentam faces bipiramidais. 

Morfologias da Fluorapatite da Panasqueira
Morfologias da Fluorapatite da Panasqueira

Para além da coloração esverdeada, também se encontram cristais azulados, lilases e cinzentos e mais raramente bicolores ou zonados na direção do prisma. A maioria dos cristais verdes  mostram-se zonados concentricamente em vários tons distintos e paralelos às faces do prisma. Sob luz ultravioleta são florescentes reagindo numa cor amarela mais ou menos brilhante. Os cristais lilases são muito mais raros, associando-se quase exclusivamente com cristais de quartzo e apresentam as faces estriadas e não são florescentes.  

Panasqueiraíte   

Panasqueiraíte, Moscovite - 6x3x3cm
Panasqueiraíte, Moscovite - 6x3x3cm
Panasqueiraíte - 5x3x1,5cm
Panasqueiraíte - 5x3x1,5cm
Panasqueiraíte - 3,5x3x1cm
Panasqueiraíte - 3,5x3x1cm

A Panasqueiraíte - CaMg(PO4)(OH,F) - é um fosfato básico de cálcio e magnésio com fluor e por enquanto só se encontra na mina da Panasqueira. Outra espécie quase similar que se descobriu na mesma altura em finais da década de 70 do século passado foi a Thadeuíte - Ca(Mg,Fe2+)3(PO4)2(OH,F)2 - com a diferença de conter ferro na sua composição química. Ambas as espécies são fosfatos raros da localidade tipo e a sua representação é massiva juntamente com outros fosfatos e alguns sulfuretos com localização em alguns veios hidrotermais. A panasqueiraíte apresenta coloração alaranjada e não se conhece cristalização definida.

-SILICATOS-

Topázio

Topázio, Fluorapatite - 7x5x4cm
Topázio, Fluorapatite - 7x5x4cm
Topázio - 3x3x2cm
Topázio - 3x3x2cm
Topázio - 3x2,5x1,5cm
Topázio - 3x2,5x1,5cm
Topázio, Arsenopirite - 4x3x2cm
Topázio, Arsenopirite - 4x3x2cm

O Topázio - Al2(SiO4)(F,OH)2 - é um silicato básico de alumínio com fluor e é relativamente comum na zona de Rebordões e Barroca Grande. Apresenta-se normalmente corroído em associação com quartzo e moscovite nas bordas dos filões. Apresenta coloração esverdeada ou cinzenta e raramente hialina. Cristaliza no sistema ortorrômbico com cristais que podem chegar aos 2cm sendo a cristalização uma raridade na mina da Panasqueira. Os cristais apresentam formas dominantes no prisma pelo plano (110) e (120).

Turmalina

Turmalina, Fluorapatite - 7x5x3cm
Turmalina, Fluorapatite - 7x5x3cm
Turmalina sobre Siderite - 5x3x3cm
Turmalina sobre Siderite - 5x3x3cm

A Turmalina é um grupo mineralógico que varia quimicamente e na mina está classificado na série (Schorl-Dravite) - Na"X3"Al6(Si6O18)(BO3)3(OH)3(OH) - borossilicato básico de alumínio e "X3" que varia entre ferro e magnésio com sódio. É especialmente abundante na Corga Seca - Alvoroso, onde se concentra em massas filonianas junto das paredes da rocha formando capas negras com 1 a 2cm de espessura e também aparece disseminada na rocha encaixante. Nas cavidades os cristais são pouco frequentes e quando aparecem é em drusas de agulhas finíssimas com diâmetros inferiores a 1mm e com coloração bronzeada escura a negra. Esta cristalização está normalmente situada na base de outros cristais ou por vezes como inclusão em cristais de quartzo ou fluorapatite. Os cristais aciculares cristalizam no sistema trigonal em prismas com formação nos planos (1010) e (1120).

Moscovite

Moscovite, Fluorapatite, Siderite - 9x6x3cm
Moscovite, Fluorapatite, Siderite - 9x6x3cm
Moscovite - 5x3x2,5cm
Moscovite - 5x3x2,5cm
Moscovite - 3,5x3x2cm
Moscovite - 3,5x3x2cm
Moscovite, Clorite, Pirite - 8x6x4cm
Moscovite, Clorite, Pirite - 8x6x4cm

A Moscovite - KAl2(AlSi3O10)(OH)2 - é um aluminossilicato básico de potássio e na mina é o segundo mineral mais abundante a seguir ao quartzo. Cristaliza no sistema monoclínico em cristais de hábito hexagonal com formações frequentes nos planos  (110), (010) e (001). Apresenta coloração castanho esverdeada a branco prateada. É mais abundante na periferia dos filões de volframite do que nos filões de cassiterite e volframite e apresenta-se em bandas de alguns centímetros. Em alguns filões obtêm-se placas cristalizadas de moscovite em associação com cristais de outras espécies, as quais formam amostras bastante estéticas para coleção. 

Martins da Pedra  

Referencias:

Panasqueira Mines, Covilhã, Castelo Branco, Portugal (mindat.org).

Revista Bocamina - Panasqueira.

The Mineralogical Record - January-February 2014.