Anticlinal de Estremoz

Triângulo do Mármore

Estremoz - Borba - Vila Viçosa

Pedreiras de Mármore, Estremoz - Agosto de 2020
Pedreiras de Mármore, Estremoz - Agosto de 2020

Introdução

Mármore – do latim "marmor" – Pedra de qualidade ou Pedra branca.

Rocha metamórfica carbonatada holocristalina com calcite ou dolomite.

Mármore de Estremoz; Património; Pedra Património Mundial. (GHSR).

O Anticlinal de Estremoz é uma formação geológica com importância económica a nível nacional, pois é considerado um dos centros mundiais de extração de mármores para fins ornamentais. Para além deste aspeto é de salientar a representação mineralógica através dos cristais de calcite de algumas pedreiras. O tamanho dos cristais e a representação cristalográfica diferente do habitual, faz com que Estremoz seja a Meca dos "verdadeiros" cristais de calcite em Portugal.

Localização

Localização geográfica
Localização geográfica
Localização das pedreiras por satélite
Localização das pedreiras por satélite

A macroestrutura do Anticlinal de Estremoz situa-se a 180Km de Lisboa e abrange parte dos concelhos de Sousel, Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal.

Anticlinal de Estremoz - sobreposição geológica -  (Moreira & Vintém, coords., 1997)
Anticlinal de Estremoz - sobreposição geológica - (Moreira & Vintém, coords., 1997)

Tem uma forma alongada ligeiramente ovoide com 42Km x 8,5Km, sendo que apenas 27Km2 abrangem a zona do triangulo de exploração dos mármores entre (Estremoz – Borba – Vila Viçosa) com oito pedreiras ativas em Estremoz, seis em Borba e com mais de trinta pedreiras ativas em Vila Viçosa, fazem com que esta Vila, seja a capital do mármore ou do ouro branco.

História

Afrodite - Busto em Mármore
Afrodite - Busto em Mármore
Torre de Menagem do Castelo de Estremoz
Torre de Menagem do Castelo de Estremoz

Estremoz é conhecida desde o Império Romano pelos seus mármores e a referência escrita mais antiga nesta zona do Alentejo data do ano 370 a.C. e corresponde a um achado arqueológico que está representado por uma lápide de mármore mandada executar por um capitão cartaginês de nome Maarbal nas suas viagens da altura entre Faro e Elvas. Esta lápide foi descoberta pelo investigador Padre Espanca (tio da poetisa Florbela Espanca) em Terena no Alandroal (Brito da Luz, 2005). São inúmeras as evidências da utilização dos mármores de Estremoz durante a época Romana. Presentemente através de técnicas micro analíticas e macroscópicas tem permitido confirmar a utilização deste material não só na Península Ibérica, mas por todo o Império Romano, onde era cobiçado e utilizado essencialmente para motivos decorativos e arquitetónicos. São exemplos documentados a utilização de mármore rosa de Estremoz em Volubilis (Marrocos) e de vários tipos de mármore no teatro Romano de Mérida. Findo o período Romano a utilização do mármore teve o mesmo fim, não se sabendo se haveria pedreiras ativas na região. Em 1249 o Algarve foi conquistado ao califado Almoáda e anexado ao reino de Portugal o que levantou vários conflitos com o reino de Castela, dando azo para a construção de fortificações nas linhas de fronteira utilizando a matéria-prima regional entre as quais o mármore. O exemplo histórico disso é a construção estrutural da Torre de Menagem do castelo de Estremoz com o mármore local que recebeu o nome. Durante as épocas seguintes e até aos dias de hoje, são inúmeras as referências de utilização desta rocha em monumentos religiosos ou obras públicas de envergadura, tanto a nível nacional como internacional. 

Focando alguns exemplos: Paço Ducal e todas as Igrejas de Vila Viçosa; Torre de Menagem do Castelo em Estremoz (utilização estrutural); Sé Catedral de Évora (utilização estrutural); Paço Ducal de Vila Viçosa; Mosteiro dos Jerónimos; Palácio de Versailles e Louvre em França; Teatro Romano de Mérida; Templo Romano de Évora; Altares de Igrejas dos Séc. XV a XVII nos estados de Baía, Espírito Santo e Rio de Janeiro, no Brasil; Mosteiro do Escorial em Espanha, Catedral de Maputo, etc. Na atualidade mais de 90% da produção destina-se à exportação para mais de 100 países. 

Em Janeiro de 2018 o Comité executivo da (IUGS – UNESCO) aprovou o "Mármore de Estremoz" como GHSR – (Global Heritage Stone Resourse) pelo seu enquadramento económico a nível mundial, passando a ser Pedra Património Mundial.

Geologia

Anticlinal
Anticlinal

(Wikipédia) - Anticlinal é uma estrutura geológica com dobra convexa na direção dos estratos mais recentes, ou seja, os estratos mais antigos encontram-se no centro da dobra e os mais recentes na parte mais externa da dobra podendo ter a concavidade voltada para cima ou para baixo (sinforme e antiforme, respetivamente).

Mapa geológico adaptado de LNEG
Mapa geológico adaptado de LNEG

O Anticlinal de Estremoz é caracterizado por ter a concavidade para baixo (antiforme) com dois núcleos separados. Um está localizado a norte de Estremoz e o outro entre Vila Viçosa e Borba. Geologicamente faz parte do Complexo Vulcano Sedimentar Carbonatado de Estremoz, (CVSCE). Este complexo está inserido na faixa de Sousel – Barrancos da Zona-Ossa-Morena, fazendo parte da formação Varisca Ibérica. 

Carta Geológica do Anticlinal de Estremoz - Instituto Geológico e Mineiro
Carta Geológica do Anticlinal de Estremoz - Instituto Geológico e Mineiro

O Anticlinal de Estremoz tem aproximadamente 42 km de comprimento, entre Sousel e Alandroal e cerca de 8,5 km de largura máxima entre Estremoz e São Domingos de Ana Loura. Conforme mapa geológico com descrição estratigráfica, a mesma iniciou-se com a Formação de Mares de idade Neoproterozóica, composta por xistos negros que ocupam uma posição central nesta estrutura, seguindo-se, em discordância, a Formação Dolomítica, composta por mármores dolomíticos, por vezes xistificados e pontualmente intercalados por metavulcanitos. Este planalto central do Anticlinal de Estremoz foi datado em 542 Ma (Pereira et al., 2012) e corresponde ao Pré-câmbrico. Os afloramentos correspondentes ao (CVSCE) que ocupam as zonas mais baixas do planalto também pertencem a esta época transitando pelo Câmbrico até provavelmente ao Ordovícico em algumas zonas a sul de Vila Viçosa. Nas regiões adjacentes os relevos de resistência correspondem a níveis de rochas siliciosas de precipitação química e negras (Liditos) de idade Silúrica. O metamorfismo regional nas rochas carbonatadas formou três tipos de mármores diferentes. A sequência inferior predomina o carbonato de cálcio e magnésio (dolomite) que corresponde à Formação Dolomítica e regionalmente conhecida por "pedra cascalva" sem interesse económico como rocha ornamental. 

Por cima deste estrato dolomítico ocorre uma sequência de carbonato de cálcio (calcite) a que corresponde ao (CVSCE). No topo carbonatado do (CVSCE) exploram-se mármores escuros azulados designados por "Ruivina" de idade geológica mais recente e com maior incidência a sul de Vila Viçosa. Conforme mapa geológico, os níveis do (CVSCE) explorado para fins ornamentais encontram-se representados a azul claro (variedades de mármores cor-de-rosa, branco e cremes) e a azul-escuro (variedades de mármores escuros azulados "Ruivina").

Pedreiras

Tabela com Trabalhos
Tabela com Trabalhos