Martins da "Pedra"

Chamo-me António Manuel Inácio Martins e nasci a 08/07/1959 na povoação do Ambriz, Província do Bengo, Angola, filho de António Vilela Martins e Isabel dos Remédios Inácio, ambos naturais do concelho de Vila Velha de Ródão, distrito de Castelo Branco. Desde muito cedo que as Ciências da Terra me fascinam e o estudo das rochas e dos minerais sempre foi a minha predileção. O colecionismo de minerais começou com a idade de 13 anos em Angola quando entrei para o 9º ano no Liceu. O Instituto de Geologia e Minas ficava muito perto do Liceu e nas folgas era um visitante assíduo. Gostava especialmente dos caixotes com fósseis, rochas e minerais para análise e que provinham de paragens longínquas das terras de Angola. Foi neste Instituto que me ofereceram o primeiro exemplar, um pequeno cristal de quartzo, o qual está referenciado no expositor dos quartzos no "Mundo de Minerais", com a data de 02/03/1972. Desde então nunca mais parei de estudar e colecionar minerais. A mineralogia é uma ciência fascinante que engloba varias temáticas para além do colecionismo, como a geologia, a química, a cristalografia, o estudo de mapas geológicos, etc. Presentemente estou aposentado e profissionalmente a vida levou-me a fazer carreira como cabo da ex-Guarda Fiscal na cidade do Barreiro. O Martins da "Pedra" é o cognome que alguns dos meus amigos me deram por causa das pedras. A coleção Martins da "Pedra" é um culminar de 50 anos de experiências guardadas em caixas e que não teriam qualquer significado sem um espaço adequado e público para ser apreciado. É o resultado de muitas saídas a pedreiras e minas, compras de minerais a comerciantes e trocas nacionais e internacionais com outros colecionadores. Por experiência própria, uma boa pedra é sempre aquela especial encontrada pelo colecionador em trabalho de campo. Os minerais são objetos naturais e raros que não são fáceis de encontrar e por isso valorizados. 

Coleção

Desde que me lembro, juntava de tudo um pouco. Caçava e punha borboletas em gaiolas, lagartixas, carochas e gafanhotos em caixas, secava folhas de plantas em papel de jornal; caixas de fósforos, cromos, selos, moedas, isqueiros, latas de refrigerantes, etc.. Mais tarde, caçava e punha pássaros diversos em viveiro espaçoso, peixes em aquários; rochas e minerais, fósseis e, ultimamente, para além dos minerais, junto objetos e loiças antigas. Comecei a colecionar minerais em Angola corria o ano de 1972, quando entrei para o Liceu com a idade de 13 anos e, desde essa altura, tenho-me focado exclusivamente nos minerais. O despertar das rochas e minerais começou teoricamente como uma disciplina no primeiro ano do Liceu, associada a visitas assíduas ao Instituto de Geologia e Minas localizado perto do Liceu. Gostava particularmente de assistir à abertura de caixas em madeira com amostras que provinham de paragens longínquas de Angola. Com a descolonização de Angola vim com os meus pais para Portugal e consegui trazer uma pequena coleção de minerais, que foi aumentando ao longo de 50 anos com visitas de exploração a pedreiras e minas localizadas nos vários distritos de Portugal e algumas em Espanha. A primeira exploração que fiz em Portugal foi às Minas dos Ingadanais em Vila Velha de Ródão, em meados da década de 70 do século passado. Os locais de exploração estenderam-se até Pitões das Júnias, no Parque Nacional da Peneda-Gerês, em Portugal, e até às minas de Cala e Tharsis na Andaluzia, em Espanha. Entretanto, ao longo dos anos, tenho valorizado a coleção com a aquisição de exemplares a comerciantes no ramo, quer nacionais ou estrangeiros, através de feiras ou de visitas particulares. Com a Internet e a circulação de informação rápida, a coleção aumentou exponencialmente a partir do inicio do milénio com trocas de minerais com colecionadores de diversos países. Na coleção estão representados minerais de 80 países. A titulo de exemplo, o colecionador com quem fiz mais trocas foi o norte-americano Bill Wall, da Carolina do Norte, com trinta e três caixas para cada lado ao longo de 15 anos. Como curiosidade fiz trocas algumas vezes com um colecionador australiano o qual, muito inteligente, pagava o frete para Portugal com a colagem de séries de selos na caixa que mandava e que, depois, no retorno de Portugal, pedia os selos de volta já carimbados, para negociá-los na Austrália. O negócio dele era os selos, porque de minerais só mandou alguma coisa de jeito na primeira troca. A disposição atual da coleção no espaço onde se encontra de minha propriedade, em Vila Velha de Ródão, só foi possível com a construção de divisórias que foram preenchidas com 24 expositores, cujo trabalho foi desenvolvido por mim ao longo de sete anos, tendo inicio em 2016 e conclusão em 2022. A coleção, para além da existência física, também está maioritariamente digitalizada para consulta na base de dados internacional em:

www.mindat.org/user-3851.html#2_0_0_0_0__

Entretanto em meados de 2022 entrei em contacto com a câmara de Vila Velha de Ródão para uma parceria com o intuito de tornar a coleção pública e que se veio a concretizar com a inauguração do espaço em 23/06/2023. A coleção agora patente ao público inclui perto de 7000 minerais com uma disposição sistemática. Espero que os visitantes admirem e desfrutem da beleza dos minerais e da coleção Martins da "Pedra". Agradeço a ajuda na concretização deste projeto à Câmara Municipal de Vila Velha de Ródão através do seu Presidente, Dr. Luís Pereira, e da Senhora Vereadora da Cultura, Dra. Ana Marques, ao Dr. Carlos Neto de Carvalho, geólogo responsável do Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO e ao fotógrafo profissional Pedro Martins. Bem hajam a todos.

Martins da Pedra

Museu

Mineralogia

Artigos